CAP. 63 - Verdadeiro Dono

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A última coisa que eu faria era ser uma ladra de heranças, fazer Brahms me ver com os olhos errados não era a opção que eu queria tomar.

Jamais poderia pegar algo que não era meu, ainda mais de alguém que por direito, era dono daquilo. Não importavam as consequências, o passado deveria ficar no passado, o que importava agora era Brahms assumir seu papel como herdeiro.

M. - ... Vivo?

- Brahms nunca havia estado morto no incêndio da mansão, ele havia sobrevivido, mas fugiu de casa.

Era a melhor mentira que eu poderia contar... Dizer que Brahms era um stalker, assassino e sociopata estava fora de questão no momento.

M. - E ele está aqui?

Todos estavam se encarando, assustados e curiosos com os fatos que estavam se desenvolvendo.

- Sim... E ele é o meu marido.

Já estava observando Brahms com sua camisa branca abotoada, no segundo andar, encarando-nos enquanto segurava o corrimão, descendo as escadas.

Todos os olhares voltam-se para ele, impressionados, admirados, ou assustados.

Ele anda com sua postura encantadora, escondendo todos os defeitos de sua verdadeira natureza, mostrando o que deveria demonstrar para eles: Que era digno de ser dono da herança Heelshire.

M. - Brahms Heelshire?

Seus passos direcionam-se até Marcus, que estende sua mão para Brahms, mesmo ele hesitando de início, o comprimento é feito.

- Obviamente.

Deus, queria apenas que Brahms se controlasse ao menos um pouco e não fosse arrogante com esses homens...

Observo Alfred entrar lentamente na sala com o boneco em mãos, fico arrepiada ao ver aquilo, mas apenas mando ele voltar com um sinal de mão feito em sua direção.

Os olhos de Alfred se espantam ao ver Brahms na sala, junto dos polícias, fazendo-o levar o capeta em seus braços, que estava com os cacos colados, embora.

M. - Desde quando o senhor voltou e aonde estava durante todo este tempo desaparecido?

- A vida não havia sido fácil para mim, Marcus. Aprendi a sobreviver sozinho durante esses anos, até decidir encarar os meus traumas e voltar para cá. Mas, infelizmente, não a tempo de reencontrar os meus pais.

Isso Brahms! Não deveria estar orgulhosa por ele mentir tão bem, mas estava impressionada por suas palavras tão bem direcionadas e construídas a eles.

M. - Desde quando o senhor voltou para cá?

- A algumas semanas, encontrei apenas Greta na mansão.

M. - Compreendo, porém, existe alguma prova de que o senhor é realmente o herdeiro de sangue dos Heelshire?

Meu coração treme, espero que isso não o tenha ofendido, pois a última coisa que queria ver era Brahms perder o controle.

- Sim.

Brahms coloca os dedos no bolso de sua calça preta, retirando uma pequena identidade, antiga, em preto e branco. Havia uma foto de uma pequena criança nela...

- Isto é de quando eu era um garoto, minhas digitais estão carimbadas neste documento. Caso necessite, são as mesmas que as minhas.

Brahms tinha vinte anos agora... Estava temendo que suas digitais tivessem mudado um pouco. Mas seria um tanto dramático isso ter acontecido, pois não havia se passado tanto tempo assim se fossemos pensar bem.

M. - Posso ficar com isto?

- Sim.

Brahms entrega o documento para Marcus, que guarda na sua pasta em seguida.

M. - Podemos retirar novas digitais suas para analisarmos?

Ele acena com a cabeça, concordando em seguida. Um dos policiais retira de seu bolso o que parecia ser tinta para carimbo. Marcus estende um papel no centro da mesa da sala, enquanto Brahms marcava suas digitais no mesmo.

M. - Quando vocês se casaram?

Aquela pergunta pega a todos nós de surpresa no mesmo instante.

- Ah, nós ainda não somos casados.

- Mas em breve seremos.

Olho para Brahms sem reação, pois ainda nem havíamos falado disso.

M. - Isto é ótimo. Pelo jeito foi amor a primeira vista, não é?

Marcus solta uma risada descontraída enquanto senta no sofá outra vez. Alfred havia trazido um pano para limpar os dedos de Brahms.

M. - Enfim, iremos levar as digitais e o seu documento, para verificar se tudo é realmente verdadeiro e voltaremos em breve com o resultado. Mas devo lhe perguntar, senhor Brahms... Essa máscara que está usando, poderia retirá-la para vermos o senhor?

Todos se calam, até eu mesma fico paralisada com a situação que se sucedeu.

- Não.

M. - Tem algum motivo em especial para isso?

- Claramente sim.

M. - O senhor teria alguma deficiência em seu rosto?

- Espero que não.

M. - Bem, senhor Brahms, caso o seu resultado seja bem sucedido, aviso previamente que terá de retirar sua máscara para fazer uma nova identidade e documentos de grande importância.

Brahms nada diz, mas sentia como se ele fosse matar Marcus, que estava um tanto distante dele na sala.

Com dificuldade, Brahms concorda, fazendo todos se levantarem em seguida.

M. - Pois bem, foi uma honra falar com todos vocês, espero reencontrá-los em breve com boas notícias.

- Alfred, leve-os até a porta.

Dou um aceno rápido com a mão para os homens que saiam da mansão. A voz de Brahms havia tornado-se fria, autoritária e poderia notar as pontadas de ódio que invadiam o seu semblante.

- Brahms...

- Vá para o quarto.

Brahms - Conexão FatalWhere stories live. Discover now