CAP. 54 - Tecidos Antigos

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Greta:

Acordo com as cortinas abertas outra vez, o cheiro do café da manhã sempre foi maravilhoso... Queria aprender como Brahms fazia aquelas comidas.

Puxo o lençol até abaixo dos meus braços, pegando o prato de panquecas da cômoda, com molho de frutas vermelhas que escorriam por suas laterais... Ao seu lado continha um sanduíche de atum, cortado lateralmente, com um pouco de orégano por cima.

Havia um copo com chocolate quente na cômoda, nem em sonho eu pensei que seria tratada assim... Talvez fosse por estar sendo maltratada constantemente por Cole.

Quando estava na metade da refeição, Brahms entra pela porta do quarto, com uma blusa preta de lã em seu corpo, que apertava os seus músculos, junto com uma calça da mesma cor, tendo um cinto cinza segurando-a.

- Bom dia, Brahms!

Falo animada enquanto mastigo a comida, mas logo ele dá sua resposta.

- Ainda falando de boca cheia, Greta?

- Sabe, essas boas maneiras chegam a ser chatas às vezes.

- Está lendo o livro que deixei para você?

Ele pergunta apontando para um livro de etiquetas na outra cômoda... Eu nem havia tocado naquele negócio, achava absurdo ter de me comportar de outra forma.

- Claro...

Respiro fundo, logo digo sem me conter.

- Você não gosta do meu jeito?

- Não fui criado dessa forma.

Minha cabeça entra em confusão no mesmo instante... Mas ele havia crescido dentro das paredes da mansão, como poderia ter sido criado com essa "classe" que ele insinua tanto?

- Mas...

- Quando eu era criança, meu pais foram extremamente rigorosos comigo quanto a isso.

- Compreendo... Mas aceitar como as pessoas são pode ser algo positivo.

Ele não fala nada, encarando-me como se eu estivesse errada em minhas palavras...

- Apenas pense nisso...

Falo enquanto termino de comer, não conseguindo nem elogiar a ótima comida que Brahms havia preparado para mim.

- Iremos sair hoje.

Brahms corta o silêncio, sentando-se ao meu lado na cama.

- Sair??

- Por que está tão surpresa?

Talvez porque pensei que jamais iria sair daqui outra vez...

- Bem, me impressiona.. Nós sairmos daqui de forma tão "espontânea".

Coloco o prato na cômoda, focando minha atenção totalmente em Brahms, contente com a situação.

- Para onde vamos?

- Vamos comprar suas roupas, lembra-se que lhe disse ontem?

Sinceramente... Não me lembrava de quase nada após ter sido feita de boneca por ele... Estava destruída.

- Lembro sim. Que horas vamos sair?

- Uma hora.

Logo um pensamento vem em minha mente...

- E qual roupa você irá deixar eu vestir para a nossa saída?

- Guardei algumas roupas antigas da minha mãe que estavam neste armário. Irei trazê-las para você, poderá escolher uma delas.

Roupas de uma mulher velha e morta... Que grande opção hein Brahms. Acho que ele percebeu o meu descontentamento.

- Será apenas hoje, Greta.

- Está bem...

Espero que as roupas não sejam tão antiquadas assim...

Brahms sai do quarto em seguida, escuto o barulho da escada do sótão cair, a qual era no teto do corredor dos quartos, ao seu final.

Lembro-me de quando fiquei presa lá dentro... Brahms havia me trancado lá por uma noite, apenas para não poder ter meu encontro com Malcom.

- Velhos tempos, Greta...

Sussurro enquanto tomo um gole do chocolate quente. Brahms atravessa a porta do quarto, com duas caixas empilhadas em suas mãos. Pareciam tão pesadas...

Ele as abre em seguida, após colocá-las no chão, chamando-me no mesmo instante. Fico em frente a elas, tirando as roupas que estavam dobradas ali dentro.

Eu estava enganada... As roupas eram delicadas e lindas, parecendo ser feitas do mais fino tecido, uma mais bela do que a outra.

- Minha mãe as utilizava quando era mais jovem.

- Ela não as usava mais?

- Não são usadas há anos.

Isso era um alívio de se ouvir, pareciam quase em estado novo de uso...

- Deixarei você escolher. Esteja pronta, pontualmente.

Brahms - Conexão FatalWhere stories live. Discover now