Permaneceu ao lado do leito, não conseguiriam o afastar tão facilmente daquela vez. Ítalo sequer estava acordado, sequer o via, e se visse não conseguiria sequer pedir — ou gritar — que se retirasse. Havia o tirado da cadeira para a maca, e não cogitava em algum momento afastar a mão da dele.
Aquele havia sido o mais simples, embora talvez o mais difícil. Ainda haveriam processos e declarações que Ítalo teria de rever e assinar, e a cada um deles mais traumas para reviver. Queria protegê-lo do próprio sono.
— Oliver — Denis chamou lhe segurando o ombro —, ele está estabilizando. Você precisa sair antes que ele acorde.
— Eu não vou sair. — recusou.
— Você não pode ficar — insistiu paciente.
— É o meu marido, há um documento escrito isso, então vai precisar de uma ordem pra que eu me...
— E eu posso conseguir, sabe disso, e só vamos piorar a situação de Ítalo — declarou frustrado. — Então não vamos piorar as coisas para ele — pediu.
Aproximou-se da cabeceira, o que era permitido apenas com a inconsciência do paciente, lhe tocou o rosto pálido e sofrido.
— ítalo não está bem — afirmou. — Nada bem, e acho que não vai ficar. Se você insistir em estar aqui sem que ele queira e sem que ele saiba, vai fazer com que ele não confie em você.
— Mas eu... Ele não precisa saber, não é?
— Ele vai saber, de um modo ou outro — afirmou. — Eu não esconderia dele, mas ele saberá mesmo que eu não conte. O que vai acontecer é que... Nenhum de nós poderá vê-lo. Não vai confiar em ninguém, não vai... falar com ninguém, e vai se isolar, já que não poderá decidir.
— Então você está dizendo que é bom ele não querer ver o próprio marido?
— Sim. De algum modo, sim.
Acatou depois de um telefonema breve. Precisava ser paciente e, no mínimo, estar apresentável para o esposo, e retirou-se do quarto.
— Nicolas, você pode... Pode me deixar em um hotel, em qualquer um perto — pediu.
— Sim, claro! — afirmou mesmo que ambos estivessem sem seus carros. Imaginava se a cabeça de Oliver conseguiria dar alguma informação ao motorista. — Ou podemos passar lá em casa. A mala de vocês ainda está lá.
— Eu não... Guido e Kelson sabem?
— Acho que não. Denis... evita o assunto. Pediu pra não dar detalhes...
Ligaram para Kelson, novamente, o intermediador. Pediram ambas as malas, apenas, não demorariam diante da casa e deveriam manter-se reclusos. Deveria levar apenas meio minuto com Guido ignorando sua breve estada na calçada, porém não pode evitar reter alguma informação.
— Oli... — falou ao ver o rosto do amigo. — Nico, o que... O que está acontecendo? Ítalo está mesmo bem?
— Está — afirmou Nicolas.
— Então o que... Por que Guido e eu estamos presos aqui? Algo muito perigoso está acontecendo? Eu deveria... ter uma arma? — questionou num sussurro.
— Não! Escuta, está tudo bem — garantiu Nicolas. — Apenas mais um dia, talvez dois... Então... se puderem vir só pra olhar os animais...
— Se está tudo bem, quando ele terá alta?
— Quando... — resmungou Oliver.
— Precisamos ir, Kelson — interrompeu Nicolas. — Oli precisa descansar um pouco — despediu-se.
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DragosteAVISOS - Este livro contém gatilhos de abuso sexual, violência, álcool e distúrbios alimentares. Por favor abandone-o caso não se sinta confortável no decorrer da leitura. [ tipo: menções ] - Este livro contém trechos eróticos, que estarão sinalizad...