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A medicação lhe dava mais sono do que poderia lidar, e no intervalo manteve-se na sala enquanto os demais agilizavam suas tarefas. Observou-os antes de fechar os olhos, tendo certeza de que estaria fazendo o mesmo se ainda tivesse outra atividade durante o dia. Se não estivesse esperando a aula recomeçar e cochilasse, teria se assustado.

— Encontrei sua turma! — Nicolas comemorou.

— O que faz aqui? — choramingou à visita.

— Você está pior do que ontem? — observou. — Parece mais cansado...

Voltou a fechar os olhos, virando para o outro lado e ouvindo Nicolas fazer a volta para ficar no seu campo de visão.

— O que você quer? — perguntou Denis.

— Comprei algo para comermos, se não estiver com enjoado igual ontem — explicou Nicolas.

— Por que?

Nicolas ignorou o choramingo desesperado para que fosse deixado em paz, sabendo que logo o intervalo terminaria e tivesse de também ir para a sua sala. Ficou mais sério de repente, quando cansado demais Denis apenas aceitou o pacote, segurando-o sobre as pernas sem fazer menção de que comeria, apenas para que parasse de falar.

— O que foi isso no seu rosto? — Nicolas preocupou-se.

Acariciou uma das as bochechas até que Denis se incomodasse e lhe desse atenção. Os cortes eram rasos, todavia ainda marcavam de riscos vermelhos que pouco ardiam na pele clara. Sentiu Nicolas passar o polegar, verificando que alguns estavam em relevo.

— Não foi nada... — respondeu. — Sério, Nicolas, eu só queria meia hora de descanso entre as aulas. Apenas isso e nada mais...

— Certo, eu te deixo em paz... — Nicolas baixou a vista aborrecido.

O mais velho recolheu os sanduíches e bebidas na sacola e fez Denis levantar-se, puxando-o contra a vontade, contudo cansado demais para resistir.

— Eu te deixo em paz nas próximas aulas, juro — Nicolas prometeu.

— Onde estamos indo? — perguntou um pouco receoso.

— Aqui perto.

— Vamos sair da universidade?

— Sim.

— E vamos voltar a tempo da aula?

— Depende de quão rápido iremos.

Denis estava curioso, e preocupado com a aula. Tudo havia ficado na sala, incluindo a carteira e o presente. Em princípio achou que buscariam o carro no estacionamento, mas surpreendeu-se quando foi levado ao outro portão, na direção contrária e andaram apenas uma quadra até a farmácia. Viu Nicolas procurar por algo que não sabia o que era, ficar satisfeito ao encontrar e abrir no caixa antes de pagar.

Sendo mais alto espalhou a pomada na mão, fazendo Denis voltar-se para ele e antes que Denis se desse conta seu rosto era coberto pela medicação.

— Fica... Fica parado, caramba! — Nicolas protestou.

— O que é isso? — estranhou Denis.

— É pra melhorar esses arranhões que seu gato fez.

— E não tenho gato.

— Oh, certo.

A aplicação parou um momento, antes de voltar num ritmo mais lento, cobrindo outras áreas. Denis teve alguma dificuldade de acompanhar os passos, agradeceu e despediu-se antes que Nicolas fosse para a própria turma, sério.

Até Onde Posso Alcançar...Where stories live. Discover now