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Entrou em sua sala sem ser anunciado, após a dupla identificação de quem era e de seu título. Do alto de sua arrogância sequer deu-se ao trabalho de bater. Analisou o escritório minúsculo até ser olhado por cima das folhas e o outro extremo do lápis deixar de ser mordiscado como os jovens, que tomavam assentos responsáveis tão cedo, costumavam saber.

— Senhor Campos! — surpreendeu-se Denis. — O que faz aqui? — Levantou-se de imediato, se aproximando de mão estendida cordialmente em nome da empresa.

— Lhe deram um escritório — surpreendeu-se olhando ao redor ao lhe apertar a mão, recusando-se a dizer o seu nome. — É jovem demais — censurou.

— Sugestões são sempre bem vindas — retrucou. — O meu chefe gostaria de ouvi-las.

— Oras, não seja petulante como o meu filho.

— Desculpe, não posso tratar de assuntos familiares — caçoou dentro do limite aceitável, estava em seu território e seria ofensivo se permitir ser atacado —, a menos que seja urgente. Podemos almoçar juntos, se o senhor concordar...

— E, aparentemente, aprendeu algo no escritório de advocacia — reconheceu.

— Sim, em parte — riu. — Nicolas costuma sempre argumentar comigo, também. Mas sente-se, por favor — convidou. — Podemos conversar sobre qualquer assunto, se mantivermos o decoro e o bom-senso — advertiu.

— Serei breve — garantiu. — Meu filho disse que melhorava na faculdade, no entanto ele faltou dois dias.

— Está monitorando os estudos dele? — questionou surpreso.

— Obviamente, já que eu pago as contas — declarou orgulhoso. — Como você justifica esse desleixo que pode afundá-lo novamente.

— O senhor perguntou a ele? — especulou.

— Na última vez que Nicolas visitou a própria casa ele disse que você é o responsável pelo seu rendimento acadêmico, por isso o procuro.

— Isso não significa que eu seja o tutor dele, e isso não é nem um pouco verdade uma vez que Nicolas é maior de idade. Todo o esforço é dele — garantiu. — Seu filho apenas puxou ao seu humor e é teimoso em admitir...

— Não venha me bajular agora, garoto!

— Na verdade foi um insulto...

— Oras, seu...

— Nicolas estava no hospital — respondeu rapidamente —, no primeiro dia. E no segundo ainda estava em repouso...

— O que houve com o meu filho?

— Ah, nada. Ele está ótimo — afirmou. — Gosto quando o senhor se preocupa com ele. Tenho uma boa relação com o meu pai, e não gostaria que fosse o diferente com o senhor. — expos. — Mas eu tive uma crise muito séria — reconheceu.

— Renal? — Inclinou-se preocupado.

— Não. A minha pressão caiu, numa situação de perigo, e Nicolas se esforçou muito, por isso precisou faltar no segundo dia. Passei esse primeiro dia no hospital, e ele me acompanhou. E no segundo eu ainda estava em repouso em casa — esclareceu. — Na verdade ele precisava faltar ontem, também. Mas eu estava melhor e ele insistiu em ir pra faculdade mesmo depois de deixar Oliver no hospital.

Oliver?

— Alergia a gatos. — Moveu os ombros sabendo que era algo que o homem sabia.

— Você é estranho, senhor Pajot.

— Eu ia morrer, senhor Campos — afirmou com um sorriso, lhe apertando a mão. — Então são poucas as coisas que me assustam. Caso o senhor possa vir, em qualquer dia, para um café ou um almoço, será muito bem vindo — convidou. — Mas se forem as notas do seu dependente financeiro, novamente, interrogue-o quando estiver no seu escritório — pediu.

Até Onde Posso Alcançar...حيث تعيش القصص. اكتشف الآن