~ 39~

44 6 0
                                    

Sentindo-se deixado de lado Nicolas passou a mão pela cintura de Denis, declarando seu território e aguardando ser apresentado. Sabendo como o namorado se corroía Denis tirou o braço e lhe entrelaçou os dedos, voltando-se para ele ao declarar:

— 'Císio, este é Nicolas Campos — apresentou —, o meu namorado.

Tarcísio estendeu a mão, apertando-a e provando a força do outro.

— Ora, é muito alto e tem um aperto de mão forte! — observou. — Cuide bem do Denis! — pediu.

— Sempre — garantiu arisco.

— Pode trazer o cardápio pra gente, Nicolas? — Oliver pediu.

Enquanto conversavam à mesa os amigos encararam-se até que Nicolas cedesse e sumisse de vista em busca do cardápio, uma desculpa pra se afastar e respirar.

— Ele parece sério — falou Tarcísio. — Trabalho de escritório?

— Sim e não — riu Denis. — Está assim porque não te conhece, juro que ele é legal! — afirmou. — E trabalha num escritório de advocacia, embora ainda seja estudante. Algum nepotismo, mas logo mais se forma, então é bom pra ter experiência.

— Lamento dizer que vejo um padrão aqui, Denis...

Nicolas viu-o apontando o namorado ao tempo que ria e apressou-se, chegando ao tempo de ouvir Denis se defender com risadas ainda alheio ao que havia acontecido. Descobriu que uma das coisas que menos gostava era do rosto do namorado sorrir para um terceiro.

— Cala a boca, sua poc! — Denis mandou.

— Denis disse que você está casado — lembrou Ítalo para acalmar a situação.

— Sim! E nosso filho tem 8 anos agora. Está enorme!

Tirou o celular do bolso para mostrar as fotos da família, em que Denis demorou-se mais, analisando a família e permitindo que desaparecesse o restante do sentimento de perda.

— A propósito, nosso filho... — Tarcísio lembrou.

— ... é mesmo, nosso filho! — lembrou Denis nostálgico.

— Melhor deixar pra depois, é um momento festivo. Sinto muito não ter trazido o seu presente, mas prometo entregar amanhã, antes do voo.

— Ele está morto, não está? — indagou. — Afinal... quase vinte anos...

Tarcísio deu de ombros, em lamento ao tempo. Enfurecido Oliver levou Nicolas para buscar mais cardápios enquanto tudo o que Denis tinha era a recordação de um cão morto quando o ex ainda se fazia presente.

Filho? — questionou à Oliver. — Do que estão falando agora? Com ele?

— Não deve ser nada — tranquilizou-o Oliver. — Disseram que está morto e Denis nem ligou.

— Ligou sim, Oliver. É um nada que deixou o Denis triste no aniversário — afirmou.

O olhar voltara à mesa, onde de fato Denis parecia um pouco menos alegre, embora ainda sorrisse.

— Nicolas Campos, o Denis estava te elogiando pra ele — repreendeu Oliver. — Não estrague as coisas.

— Não, você e eu somos amigos, e não ficamos com desculpas pra tocar ou abraçar todo o tempo... — contestou Nicolas.

— Mas eles não são a gente — censurou —, eles têm necessidade disso. E este amigo, especifico, ele não vê com frequência. Vou falar pela última vez, não estraga a festa do Denis. Ele vai te odiar — advertiu —, e com razão. Se for pra fazer algo conversem em casa.

Até Onde Posso Alcançar...Onde histórias criam vida. Descubra agora