~ 73 ~

41 3 0
                                    

Nicolas se manteve apreensivo nos últimos minutos da viagem, quando Denis deu sinal de que acordaria, não sendo diferente quando o avião iniciou a descida tocou o chão terminando por acordá-lo, então abraçou-lhe a cabeça sabendo como estava nervoso e se lembrava rápido de onde estaria depois de um trajeto de mais de 12 horas.

— Sh, Denis. Está tudo bem, tudo bem — Nicolas tranquilizou-o, ou tentou. — Não estamos mais no ar. Já aterrissamos.

Ainda assim a sensação da descida era presente e o deixou mais alerta ao sentir o freio no fundo do estômago, zonzo mesmo de os olhos fechados, a pressão em queda e apreensivo, até que não houvesse nada que pudesse ser feito além de ficar inconsciente. Era a última viagem da aeronave, sem necessidade de o veículo fazer nova conexão. Então a tripulação permitiu que permanecessem algum tempo mais enquanto adiantavam a organização da nave.

Nicolas colocou um pequeno comprimido sob a língua de Denis, para que se dissolvesse e subisse a pressão o suficiente para acordar. Alisava a bochecha do mais novo com o polegar até que desse sinal de recobrar a consciência.

— Ei, está acordado? — questionou Nicolas.

— Nico, eu vou... vomit... — avisou Denis.

Apressaram-se em pegar o pacote de resíduos antes do estômago acalmar e então foi carregado para fora, colocado no chão apenas ao saírem dos corredores. Uma vez no local de desembarque a esposa de Tarcísio lhes acenava, e o filho correu para abraçar as pernas de Ítalo, o amigo preferido que conheceu no casamento.

Oliver ajudou-o a colocar a bagagem na van alugada, deixando que Denis, mais desperto, entrasse antes para descansar mais. O motorista que conhecia as ruas ali verificou o cinto da esposa e filho ao seu lado, antes de partirem.

— Fizeram um bom voo? — Tarcísio perguntou.

— Não.                         — Sim.
— falou Denis.          — disse Ítalo.

Riram um momento.

— Como você está, Denis? — preocupou-se Tarcísio. — Precisa de algo pra enjoo, ou alguma outra coisa?

— Ele acordou assim que o voo mergulhou — respondeu Nicolas.

— Deve ter sido assustador... — concordou. — Mas está melhor agora, não é?

— É, Nicolas ajudou — Denis esclareceu. — Mas não virei te visitar tantas vezes.

— Tudo bem, podemos ir para o Brasil mais vezes. Meu filho adorou...

Uma vez que falavam o idioma natal, mantinham a criança e a esposa de fora da conversa, conversando entre si na língua que pouco entendiam.

— Podemos dar uma volta, se quiserem — Tarcísio sugeriu.

— Vamos sim, mas depois de descansar um pouco — decidiu Nicolas.

— Sim, vamos deixar as coisas no hotel — concordou Ítalo — , e comer algo.

Kelson tinha as mãos nas de Guido, observando com ele a paisagem tão diferente, encantados o suficiente se olharem sorrindo no seu próprio mundo quando viram, entre dois prédios, um campo florido, e se olharem novamente ao verem os arcos das pontes iluminadas enquanto anoitecia.

Oliver passou o braço pelo ombro de Ítalo, lhe agitando os cabelos até ser pedido que parasse, e Tarcísio olhou-os pelo retrovisor novamente, vendo que Nicolas ainda aninhava um Denis pálido e enjoado, o casal mantendo-se de olhos fechados para a respiração um do outro.

Sabendo que as coisas estavam bem, Ítalo e o marido não descansaram até ouvirem as batidas na porta e atenderem Guido, e felizmente não haviam sido interrompidos depois de marcarem um horário, mesmo que agora estivessem atrasados. Ítalo pendurou-se no ombro de Oliver, ao descer de elevador, descansado como nunca antes. Tarcísio levou-os a um restaurante nas redondezas, onde Ítalo teve oportunidade de exibir seu inglês quando à mesa era o mais fluente, depois do amigo que morava ali há mais tempo.

Até Onde Posso Alcançar...Where stories live. Discover now