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Oliver foi cedo bater à porta dos amigos, e solitário Ítalo chamou Guido e Kelson para irem até lá assistir aquela tortura e esperar no corredor até que as orelhas fossem furadas, antes mesmo do café da manhã. Nicolas, a princípio, pareceu confiante e encorajador ao pegar uma toalha e colocar a cadeira diante da janela, para ter mais claridade ao uso da agulha, o que mudou de ideia em seguida.

— Devagar, Oliver — pediu. — Devagar.

— Devagar é pior — esclareceu o amigo.

— Certo, faz rápido, mas devagar por favor...

— Quer que eu faça primeiro, Kumiho? — Denis questionou.

— Não. Está tudo bem — tranquilizou-o. — Oliver vai fazer direito e sem doer. Você vai ver... — disse tentando se acalmar.

— Nico, eu vou abrir um buraco na sua orelha. Acha mesmo que não vai doer? — Oliver questionou.

— Tá, mas vai com cuidado...

— Eles já furaram, Guiz? — perguntou Ítalo do corredor.

— Nada. Nicolas está com medo de doer demais e passar mais vergonha na frente do macho dele — respondeu implicante.

— Eu ouvi isso! — Nicolas protestou.

— Sai, sai Nicolas. Já está aí há 15 minutos e ainda não furou. Minha vez agora — reclamou Denis.

Após enxotá-lo do lugar sentou-se na cadeira que o outro estivera, de cabeça baixa e inclinada para que Oliver pudesse atravessar o lóbulo gélido com a agulha. Estava nervoso e Nicolas segurava sua mão em misto de admiração à coragem e por não querer que se machucasse.

— Por que fui escolher brincos... — Nicolas lamentou.

— Porque são lindos, agora cala a... porra, filho da puta, merda. Merda, merda, merda, merda... — xingou Denis.

— Nunca ouvi ele falar tantos palavrões juntos... — Tarcísio comentou.

— Eu nunca ouvi boca dele ser tão suja! — confirmou Guido.

— Então ele furou? — Ítalo perguntou.

— É, 50% da missão concluída... — informou Kelson.

— Denis. Rim, você está bem? — Nicolas preocupou-se.

— Estou sim. Sua vez agora — declarou Denis.

— Eu... e-eu... eu não sei... se...

— Você, sim. vem, senta logo.

— Denis, lembre de girar a linha o dia todo, não vai ser legal começar a cicatrizar com ela ali. no final do dia trocamos pelo brinco — Oliver avisou.

— Certo.

— Vem, deixa eu passar a pomada pra hidratar — chamou Guido.

Nicolas sentou-se na mesma posição que antes, inclinando a cabeça pro lado oposto. Porém a todo momento se movendo para ver a aproximação da agulha se antecipando à ponta que atravessaria completamente, levando em seguida um fio de linha que queimaria ainda mais por estar embebida em álcool.

— Com cuidado, por favor, Oliver — implorou. — Não faça doer, não faça doer... — pediu.

— Eu não posso fazer nada quanto a isso. Agora, por favor, não se mexa. Vai terminar num instante, e doer menos se não se mexer de repente e me fazer errar...

— Não vai errar, vai Oliver?

— Não de propósito.

— Não de propósito? O que quer dizer?

Até Onde Posso Alcançar...Where stories live. Discover now