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O período de provas sempre piorava a saúde de Denis, não sendo diferente com aquele, em que procurava estudar até mais tarde, ou acordar mais cedo antes de sair para o trabalho. No início da semana estava mais difícil levar essa rotina, então estudava nos intervalos da faculdade, lembrando de encher novamente a garrafa apenas quando sentia as costas doerem.

O dia seguinte fora ainda mais difícil, quando passou a manhã enjoado e cansado decidiu não passar em casa, indo direto para a universidade estudar, sendo pego cochilando na biblioteca por quem menos gostaria.

- Se continuar assim vai matar aula antes que o primeiro horário comece... - censurou Nicolas.

- Ah, oi... - disse Denis antes de bocejar.

- Céus, está com uma cara horrível. Não está dormindo bem?

Denis levantou-se, sentindo pontadas no baixo das costas. Empurrou Nicolas da sua frente e correu para o banheiro. O mais velho apenas juntou o material do outro na mochila e o seguiu apressado, encontrando sua cabeça sob a torneira.

- Foi algo que você comeu? - perguntou Nicolas preocupado.

Ouviu-o golfar, e ao levantar estampava a vermelhidão de seu mal estar. Pegou a mochila que o outro carregava.

- Deveria ir para casa - sugeriu Nicolas.

- É, é o que vou fazer. Vou estudar mais confortavelmente lá - decidiu.

- Estudar? Deveria descansar!

- Estamos no período de provas. Nem todos tem o luxo de relaxar nos estudos.

- Certo. Eu o levo.

- Não! Vou sozinho, não tem problema. Você deveria relaxar menos nos estudos.

Chegando em casa não teve força para abrir os cadernos e ler na cama, como de hábito, apenas deitando-se e adormecendo antes que pudesse perceber.

Acordou três horas depois, com um ruído agudo no quarto que descobriu vir de sua mochila. Puxou-a para mais perto, ainda sentindo-se esgotado por não ter conseguido comer muito. O ruído parou, porém continuou a procurar a origem, se irritando quando descobriu a embalagem de presente e forçando-se a abri-la quando voltou a tocar. Atendeu o peso extra dos últimos dias e que não havia percebido.

- Oi, está melhor? - Nicolas perguntou preocupado.

- Você colocou isso na minha mochila quando eu disse que eu não precisava - acusou tentando ser mais paciente.

- Está sendo muito útil quando quero falar com você. Espero que tenha melhorado. As aulas terminaram há pouco.

- Então não faltou novamente. Precisa de uma estrela na testa? - provocou.

- Pare de bobagem. Preciso mais do que estrelas pra me convencer a assistir as aulas. Tipo um pai furioso. Escuta, aproveita e salva esse número, caso precise falar comigo.

- Tem certeza que quer desperdiçar seu dinheiro com isso?

- Absoluta! - garantiu. - E você ainda não respondeu minha pergunta.

Denis franzia o cenho, suportando a dor e tentava encontrar uma posição menos incômoda para sentar.

- Qual era a pergunta? - Denis apertou os olhos tentando concentrar-se.

- Se você está melhor. Precisa de um médico? - lembrou Nicolas.

Fechou os olhos, inspirando sem exalar para suportar uma onda de dor mais forte, deixando a voz de Nicolas apenas vagar algum tempo, em explicações de hospitais e especialistas.

Até Onde Posso Alcançar...Where stories live. Discover now