Até Onde Posso Alcançar...

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Meses depois aquela era a quinta ou sexta vez que tentava dobrar e desdobrar aquele tecido corretamente, mas estava ansioso o suficiente pra frustrar-se com o que fazia, achando normal até que aprendesse. Levantou um dos pés para que Oliver o calçasse e em seguida o outro, ganhando tempo até a hora de sair, enquanto este levantou-se e aprovou o que fazia.

— Não acredito que ele já está se formando! — Ítalo falou nervoso. — Não foi nada fácil ele decidir começar a fazer algo, achando que ia morrer a qualquer momento, sem perder tempo. E depois sem dinheiro o suficiente pro curso, foi atrás de emprego... Trabalhou em tudo quanto é coisa...

— Mesmo? — Oliver distraído.

Bagunçou a gravata que o outro tentava colocar ao beijar o pescoço provocando arrepios.

— É. Não espero que entenda, mas é. Foi bem difícil — afirmou Ítalo.

— E você, quer se formar em alguma profissão? — Oliver questionou.

— Não tenho certeza. Trabalhei em muitas coisas também.

— Mas está estudando inglês. Por quê?

— Pra entender as músicas americanas.

Seu dar de ombros à simplicidade da resposta provocou risadas no outro, que ajudou a corrigir a dobra da gola após corrigir a gravata que tirara do lugar.

— Acho que inglês será útil no futuro, não importa o que eu decida fazer. Talvez precise viajar a trabalho... — confessou Ítalo.

— Viajar a trabalho... Por que quer uma profissão desgastante? — questionou Oliver, receoso de o ter longe.

— Pra ficar com saudade de você para quando voltar.

— Certo, então pare de se aprontar e tire a roupa. Agora.

— Não — riu. — Nada disso, ou vamos nos atrasar.

Denis precisava estar no evento mais cedo, como os seus colegas de turma, e encontraram-no na calçada, frustrado, com Guido e Nicolas. Despenteado pela irritação.

— Vou jogar essa porcaria fora! — anunciou Denis.

— Se ficar parado eu posso fazer pra você — Nicolas ofereceu-se pra ajudar, já com as mãos em seu pescoço e ignorando a mancha lisa na pele sob o colarinho.

— Não sou obrigado a usar.

— Mas de gravata você fica com uma aparência melhor, mais séria. Faça o favor de ficar parado até eu terminar — repreendeu-o.

Nicolas precisou abaixar a cabeça um palmo para ficar na altura correta e trançar a peça terminando com um nó elegante, sem notar Denis constrangido antes de ajudá-lo a abotoar o paletó uma vez que as mãos tremiam nervosas. Em seguida passou os dedos pelos fios claros alinhando-os melhor.

— O-Obrigado — agradeceu Denis.

— Também precisei de ajuda com a gravata. Essa coisa é bem confusa — Ítalo concordou.

— Me ensinem essa semana, por favor, antes que eu precise — pediu Guido.

— Seus colegas estão indo pro setor de formandos. Deveria ir também — avisou Oliver.

— É, sim!

Desapareceu entre tantos estudantes que se formariam naquele momento, deixando que os amigos notassem seu completo nervosismo enquanto caminhava. Os outros foram procurar lugares livres que pudessem acomodar os quatro, acenando para o pai de Denis sentado um pouco mais pra trás, que solitário retribuiu deixando os jovens à vontade.