~ 41 ~

45 6 0
                                    

Continuou aguardando de braços cruzados, confrontando-o por alguma resposta. Não nascera para aquilo. Sabia que havia nascido para morrer, apenas, e aproveitar da vida ao máximo enquanto o seu corpo aguentasse. Ainda com o bônus das chances até a velhice não seria o suficiente, e não se prenderia a tolices como aquela quando poderia ter uma vida melhor do que as cobranças de ciúmes excessivos e parceiros abusivos.

Ainda era criança quando havia tomado aquela decisão, e não ousaria mudar depois de anos e anos. Por ninguém.

Por mais que amasse.

— Seu primeiro beijo — respondeu Nicolas.

— Não.

— O primeiro namorado.

— Não.

— Ele é seu primeiro ex!

— Não!

— Então ele é o que? Vai dizer que é seu amigo...

— Você conhece os meus amigos, e conheço o seu, Nicolas. Se acontecer comigo os meus amigos saberão a quem colocar na cadeia —advertiu em ameaça.

— Cadeia? Do que você...

— Se algo acontecer com você Oliver aparece, não é? — Moveu os ombros deixando óbvio que nenhum deles era indefeso.

— Não fale assim! — pediu.

— Quem é Tarcísio Corrêa pra mim? — exigiu.

— Alguém importante. Mais do que eu, aparentemente.

A caminho do quarto Nicolas foi atingido próximo ao ombro, pelo par de calçados sabendo que deixaria marca em pouco tempo.

— Seu... idiota! — Denis xingou.

Passando à sua frente entrou e saiu do quarto com seu travesseiro e a coberta.

— Eu não acredito nisso! — resmungou Nicolas.

Eu não acredito nisso! Tenha uma boa noite, Nicolas Campos! — respondeu entre os dentes.

— Vai mesmo me trocar por aquele cara?

— Não, por ele não — negou. — Pelo cachorro que ele me deu!

Pegou o filhote do chão sabendo ter ferido Nicolas de uma forma que não pretendia, fazendo-o pensar em coisas que não tivera oportunidade antes de ter um relacionamento, e que agora precisava abandonar suas utopias e se adaptar a realidade. Precisava amadurecer e esperaria por isso o tempo que fosse necessário. Porém não cederia sabendo que a outra parte também não pensaria em pular fora.

☼☼☼☼☼

Segunda-feira, como de hábito, Nicolas telefonou ao sair da faculdade esperando que estivessem de volta à normalidade depois de passarem o dia distantes em suas obrigações.

— Diz pra mim, Nicolas. Sempre me telefona esse horário pra tentar saber se estou com alguém? — perguntou provocativo.

— Não! Claro que não! — respondeu. — Eu não... Você é inacreditável, Denis! Nunca passou pela minha cabeça te vigiar. De onde tirou essa ideia? — perguntou alterado.

— Hum, achei que talvez, quem sabe, você acreditasse que eu saia com um dos nossos vizinhos, ou mais de um. Talvez com os irmãos da outra porta... Já pensou no senhor do térreo e eu, juntos?

— Não, seu estúpido! Eu só fico com saudades por conseguirmos nos ver apenas à noite, e te ligar antes de nos vermos me deixa melhor! — esclareceu. — Deve estar cansado, não é? Então vá dormir, Denis Pajot. Não se preocupe, não ligarei mais quando estiver a caminho de casa!

Até Onde Posso Alcançar...Where stories live. Discover now