~ 37 ~

59 7 0
                                    

Oliver pousou a mão no pescoço magro tentando pensar no que poderia ter acontecido depois de notar a pulsação arrítmica. Guido havia comido ao menos um pouco no dia anterior então não achou que fosse a privação do alimento quando já havia suportado períodos maiores em jejum, passou as mãos nos cabelos escuros a procura de algum indício de ferimento. Então sentou-se aliviado sobre os tornozelos.

— O que é? — questionou Denis.

— Ele está bem — declarou. — Não, não está. Mas está bem por estar em um hospital.

— Explica direito! Ele vai ficar bem ou não? — exigiu.

— Ele não comeu nem bebeu nada desde que Kelson caiu, de manhã. Com a saúde tão ruim ele desidratou mais rápido que a gente. Se ficar no soro por algumas horas, ficará bem.

— Só isso?

— Sabe que não sou médico, não é? — retrucou. — Ah, aí vem ela.

— Você é estudante de medicina? — perguntou a mulher se aproximando e verificando os batimentos depois que enfermeiros colocaram Guido em uma maca.

— Não. Apenas filho.

— É bem atento ao trabalho de seus pais, não é?

— Um pouco, sim — confirmou.

Saíram do caminho para que as rodas levassem o leito para dentro do quarto que ocupavam, e conectado ao soro Guido permaneceu inconsciente ao lado do namorado ferido.

— Pode cuidar da documentação, Nico? — Oliver pediu.

— Claro! — respondeu Nicolas.

— Eu o ajudo com isso — Ítalo falou.

Denis os viu sair do quarto para cumprir a tarefa e Oliver se aproximou do leito de braços cruzados, observando o sono e tocando o pescoço do amigo para verificar a possível febre.

— Obrigado por cuidar de nós — agradeceu.

— Preciso que Ítalo esteja bem — afirmou —, prometi. Ele é tudo o que eu preciso, então...

— Mas não é sobre ele — interrompeu.

— Se Kelson não estiver bem então Guido não estará bem, e então ele, ou você e ele, dá no mesmo... Não estarão bem. Então é, sim, sobre ele — respondeu teimoso. — Vocês não parecem amigos.

— Não? — indagou confuso.

— Não. Parecem família — afirmou. — Nunca foi assim comigo e Nicolas, mesmo que vivêssemos tão próximos.

— Eu soube — respondeu enciumado, deixando-o confuso.

— Vocês parecem, realmente, família.

— Só a família que pudemos escolher — concordou com um sorriso segurar a mão de Guido novamente.

Permaneceram no quarto até que Guido passasse da inconsciência para o sono, deitando-se de lado e Denis se levantou para ir imediatamente até ele e afastar o braço com a agulha para evitar que se ferisse. O amigo retraiu-se um momento, até reconhecer quem lhe fazia companhia.

— Denis... — sussurrou Guido.

Um pouco desorientado, moveu os olhos sonolentos ao redor para ver onde estava, em reconhecimento do ambiente que havia estado tantas vezes.

— Desculpe, eu... — Guido falou.

— Está tudo bem, Gui. Está apenas desidratado — explicou Denis.

Até Onde Posso Alcançar...Where stories live. Discover now