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— Encontrei você, finalmente — anunciou-se o médico ao encontrá-los.

— Doutor! O Denis... — preocupou-se Ítalo.

— O que falou ainda está de pé? — questionou ignorando-o.

— Sim, claro! — Nicolas confirmou.

— Ótimo, porque testamos algumas vezes e é compatível — falou animado —, e seus exames estão ótimos. Os enfermeiros vão te ajudar a se preparar.

Apontou os enfermeiros, e ainda surpresos os dois olharam um para o outro repentinamente antes de falarem ao mesmo tempo.

— Não conte ao Denis!                     — Não ouse  morrer!
— Nicolas.                                               — Ítalo.

— Pode, o quanto antes...

— E a fila? — questionou hesitante. — Não vai pra outro? Tem certeza?

— Não pode fazer isso com o Denis! — protestou Ítalo antes mesmo da resposta.

— O doador está aqui, e também o paciente crítico — esclareceu o médico. — Como têm vínculo de interesse você pode direcionar a doação assim como ocorre com doação de sangue.

— Certo, então... Então... — Nicolas perdido em pensamentos.

— Vai para um quarto, preparar-se para a cirurgia, e seu amigo pode ajudar com seus documentos — orientou. — Certo?

— Certo — Ítalo concordou de imediato.

Nicolas entregou a carteira, o celular e as chaves do carro mesmo que ainda não o conhecesse, seguindo os enfermeiros enquanto o médico desviava por outro corredor para preparar uma equipe tanto para a extração quanto a recepção, devido ao quadro reduzido do plantão noturno. Ainda assim precisou chamar outros dois colegas para ajudarem no procedimento. Devido a disponibilidade de profissionais usariam a mesma sala cirúrgica para ambos, reduzindo o tempo.

— Me dá o telefone — pediu Nicolas.

— Certo, precisa ligar pra casa — concordou Ítalo.

— Sim e não — suspirou ainda indeciso. — Vou dizer que estou no hospital com um amigo.

— Mas está mesmo!

— Mas se eu disser que estou pra doar um órgão meus pais derrubam as portas da sala cirúrgica... — explicou. — A propósito, não conte ao Denis que estou fazendo isso.

— Ele está dormindo! — respondeu confuso.

— Não diga mesmo depois de ele acordar. Não diga nunca.

— Certo — falou receoso.

— Prometa ou não doo! — chantageou.

— Está bem, eu prometo! Não precisa me ameaçar!

Ligou rapidamente para casa, dando notícias aos pais que mandaram melhoras para o amigo. Explicou que era grave e talvez precisasse passar mais de uma semana fora, mudando para duas quando Ítalo lhe sinalizou a média de recuperação. Então discou pela terceira vez naquela noite.

Quando Oliver chegou ao hospital, sobressaltado pela situação repentina, Nicolas já estava dentro de um pijama hospitalar, caminhando de um lado para o outro, ansioso pelo quarto.

— O garoto que conheceu? — Oliver provocou.

Denis, o nome. — frisou Ítalo.

— Não acha que está sendo precipitado? — falou depois de lançar um breve olhar para o estranho. — E se você precisar do rim depois?

Até Onde Posso Alcançar...Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz