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Não sabia como se deixara convencer, mas estava ali, no final das contas. Constrangido pelas roupas justas do namorado peto das suas largas demais, no entanto sorriu para Kelson quando este o olhou. Ele tinha lhe dado um bom argumento, fazendo-o concordar em passar mais tempo juntos, ainda que a ideia de fazer academia fosse um pouco exagerada aos seus olhos.

— Sabe que minha saúde é péssima. Meu médico me enforcaria se soubesse que estou fazendo exercícios com uma alimentação tão ruim — resmungou.

— Disse que ele ficou animado pela sua alimentação ter melhorado — lembrou Kelson.

— E ficou, mas fazer exercícios vai me fazer perder peso.

— Talvez lhe dê fome...

— Remédios não me dão fome, não são os exercícios que vão fazê-lo! — protestou. — Tem certeza que não quer tentar um jogo online? Poderíamos fazer parte da mesma equipe e não seria tão desgastante.

— Não seria a mesma coisa. Poderíamos tentar dança, mas você não quer...

— Não, não quero. Não sei nem se quero academia.

— Eu sei. Obrigado por ao menos tentar, de verdade — agradeceu. — Se não der certo aqui tentamos os jogos. Apenas nós mais uma equipe não seria a mesma coisa, mas prometo tentar se você tentar academia.

Começaram, Guido um pouco sem ritmo e Kelson sem a coordenação, perdida após tanto tempo sem frequentar. O mais velho viu o namorado parar frustrado, chutando as pernas antes de recomeçar a atividade orientada pelo instrutor, determinado em continuar, esforçando-se. Guiou-o pelo pulso para fora do grupo de alunos que mantinham o ritmo, sentando no banco e fazendo-o sentar ao lado.

— Vamos embora assim que descansarmos — decidiu Kelson.

— Mas... Kelson, não tem nem 20 minutos que a aula começou! — destacou.

— Sim, mas estou cansado e fora de forma. Tenho que voltar aos poucos.

Guido sorriu diante de mentira tão evidente, bebendo de seu squeeze antes que percebesse, Kelson fechou os olhos sem demonstrar ter percebido, para não inibi-lo. Depois de alguns minutos o mais velho levantou-se, guardando as garrafas plásticas e as toalhas, mesmo que não houvessem suado tanto, enquanto Guido se levantava.

Zonzo percebeu tarde, quando a vista clareou novamente, que era abraçado pelo namorado com alguma força maior, a bolsa caída no chão novamente, a respiração pesada e preocupada do outro. Tentou mover-se.

— Você está bem? — Kelson perguntou apreensivo.

— Devo ter levantado rápido demais — respondeu. — E você é rápido — elogiou.

— Eu nunca deixaria você se machucar. Vamos para casa, e tentamos os jogos até conseguirmos ficar meia hora na academia.

Guido afastou-se.

— Os dois? — sugeriu.

— Você escolhe. Academia cinco dias por semana, ou apenas três...

— Dois dias de academia, e três de jogos.

Kelson riu e deu a mão a ele para saírem.

— Dois dias de academia, no primeiro mês — negociou. — Depois mudamos novamente.

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Quarta-feira e todo o escritório estava em reunião fora, então após o almoço não havia ninguém no local além da secretária da recepção e ele em seu escritório, para atender urgências e imprevistos. Era o funcionário mais recente, logo, era o deixado para trás. Ficou de retornar uma ligação com alguns dados pedidos por um cliente, e demorou até o final do dia para subir a escada, na expectativa que seus colegas retornassem para ajudá-lo, quando decidiu pegar o livro arquivo na última prateleira da estante.

Até Onde Posso Alcançar...Onde histórias criam vida. Descubra agora