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A noite em Chapecó era ainda mais fria, e uma vez do lado de fora voltaram para calçar luvas e cachecóis, com Nicolas se precavendo e levando seu maior casaco mesmo que ambos estivessem empacotados em outros.

Levou Denis para ver a fonte iluminada da Praça Coronel Bertaso, com música das vendas dos ambulantes. Seus olhos brilhavam com o ambiente de tantas pessoas e tantas artes típicas que desconhecia. Apertou a mão do mais novo ao seu lado, vendo o sorriso inconsciente surgir em seus lábios, e voltou a vista para a mesma paisagem.

Ao final Denis tinha as pernas inquietas como uma criança, quando nem as crianças presentes o faziam, e por fim agarrou o braço do mais alto como se fosse seu irmão mais velho o levando para passear. Com as mãos indóceis ainda esperava ser convidado para alguma coisa antes do final da noite.

— Quer beber? — Nicolas perguntou.

— Sim! Mas não está muito frio? — disse Denis.

— Hum... talvez um conhaque, então...

— Nunca provei.

— Vamos procurar uma casa de bebidas, então. Um bar de verdade. Vou te dar um choconhaque.

— Choconhaque?

— É, chocolate para adultos.

Após se sentarem para uma um jantar raso regado a bebidas — choconhaque para Denis e vinho quente para Nicolas —, e uma vez terminado de experimentar uma porção de queijo e embutidos saíram para uma caminhada, com um copo alto de choconhaque e uma pequena garrafa de vinho a mais. Por isso o mais velho escorava os passos confusos pelo calçamento.

— Nico, eu preciso deitar, Kumiho... — resmungou.

— Bebeu demais, foi? — provocou Nicolas.

— Estou cansado.

— Quem sou eu pra te dizer quanto parar de beber... — provocou.

Denis pesou mais, então parou segurando-o esperando que se equilibrasse.

— Vamos, Denis... Precisa me ajudar... — Nicolas pediu.

— Não! Está frio e... e estou com sono — resmungou Denis.

— Certo, mas será mais quente dormir no hotel.

— ...não... Está longe?

Nicolas olhou para um lado e outro, sorrindo para as estrelas ao perceber ter se perdido.

— Denis, se descansar um pouco, temos que voltar a andar, está bem? — Nicolas propôs.

— Certo, só um pouco... — prometeu Denis.

O mais velho sentou-se junto à uma árvore para apoiar as costas, isolando Denis do chão frio e cobrindo os dois com o casaco extra, observando a nuvem da respiração do namorado até terminar dormindo também. Antes de acordar sentiu-se empurrado, segurando-se a Denis rapidamente receoso que caísse. Ao acordar ainda estavam sentados, e o outro ainda dormia.

Todavia o par de policiais à sua frente estava bem desperta.

Depois de sacudir e rolar Denis de um lado pro outro percebeu que teria de lidar com a situação sozinho. Então foram levados, identificados, e multados por vadiagem, agradecendo a si mesmo por ter saído com dinheiro e pago as despesas anteriores com cartão. Então, com o resto de sanidade, colocou ambos em um táxi e chegou ao quarto com Denis nos braços, acomodando-o na cama.

Pela manhã acordou antes de Denis, porém virou para o outro lado continuando a dormir. Viu-o acordar e se movimentar pelo aposento antes de deitar novamente, possivelmente pela dor de cabeça. Então foi Denis que dormiu novamente, e ao realmente acordarem, após o horário do almoço — pediram hambúrgueres e fritas para o lanche da tarde, vendo um filme juntos e pizza no jantar, vendo outro filme.

Até Onde Posso Alcançar...Where stories live. Discover now