Não queria estar ali de modo algum e menos ainda sentindo-se horrível. Tanto que sentia-se sem voz própria para dizer, sabendo que deveria explicar o que queria ao mesmo tempo que dependia tanto dos outros. Um estorvo que deveria apenas obedecer para dar menos trabalho aos amigos ou ao namorado.
Alisou o lado vazio da cama, entristecido, e levantou para buscar a água para mais um remédio. Não soube o que fazer vendo Kelson no sofá, dormindo desconfortável apenas para não estar com ele, novamente. Sentiu-se sujo e arranhou um pouco o pescoço ao tentar se limpar, pensando o que deveria fazer. Não acreditava muito que Kelson lhe diria se houvesse algo errado. Deitou-se com ele.
— Gui, bom dia — Kelson abraçou-o.
Sentiu os braços o rodearem, controladores novamente, e percebeu que era contido por tê-lo acordado quando queria descansar, sendo punido pelas atitudes ridículas, como sempre... Aguentou até chegar ao banheiro, com a mão na boca e ajoelhando-se pra vomitar o pouco que comera no dia anterior. O mais velho não tardou, desvencilhando-se dos lençóis rapidamente ao notar mal estar, amparando-o.
— Está tudo bem. Calma — Kelson confortou-o.
Kelson viu-se bruscamente rejeitado, e esperou o fim de uma nova convulsão onde Guido fechou os olhos com o queixo para o alto tentando controlar a respiração, e sentiu a toalha úmida em seu rosto, limpando-o e ajudando com o calor repentino que sentia.
Mas arrancou o tecido das mãos do outro, jogando para longe antes de levantar irritado, sendo alcançado rapidamente pelo outro, que colocou a mão em seu ombro, rejeitado novamente.
— Gui, vamos conversar. Está tudo bem... — Kelson falou.
— Me solta! — pediu Guido.
— Guido... Guido, calma! Calma...
— Me larga!
Conteve-o com um abraço, outra vez o fazendo se sentir contido e manipulado uma vez que o controlava à força, então Guido empurrou-se, e quando se tornou mais difícil superar a firmeza do outro, gritou enraivecido, fazendo o outro parar o que fazia e afastar-se, confuso.
Ofegava quando falou novamente, depois de alguns segundos, entre os dentes.
— Não me segure... — advertiu.
Kelson se afastou outros dois passos ao reconhecer que realmente era ele o problema, até ver o namorado correr para pegar as chaves em direção da porta, seguindo-o rapidamente escadas abaixo, ambos descalços. Deixou a porta aberta uma vez que o mais importante lhe escapava sem que soubesse porque. Na rua tentou não perdê-lo de vista, impressionado em quanta energia uma pessoa confusa e assustada poderia ter, pensando no que pudera ter feito de errado.
Guido estava em metade da faixa de pedestres quando o sinal abriu e o trânsito retornou ágil, fazendo o coração do namorado parar um momento. O mais velho precisou parar e o viu continuar depois de alcançar a calçada do outro lado. Voltou para o apartamento o mais rápido possível, chegando exausto, e pegou o telefone para ligar ainda que precisasse de um tempo para respirar.
— Denis... — Kelson resfolegou.
— Kel? É cedo. Está tudo bem? — questionou Denis.
— Eu não sei... o que aconteceu...
— É com Guido? O que houve?
— Ele fugiu... Eu não sei porque, vocês estavam certos. Mas não sei porque...
— O que você fez?
— Eu não sei. Posso jurar que... Me ajude a encontrá-lo, por favor, me ajude...
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Até Onde Posso Alcançar...
RomanceAVISOS - Este livro contém gatilhos de abuso sexual, violência, álcool e distúrbios alimentares. Por favor abandone-o caso não se sinta confortável no decorrer da leitura. [ tipo: menções ] - Este livro contém trechos eróticos, que estarão sinalizad...