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Nicolas foi o primeiro a acordar, atacando Denis com beijos e o fazendo despertar assustado, todavia mesmo que se contorcesse aos risos implorava para não ser acordado daquele jeito novamente. Foi deixado em paz apenas ao escorregar sentado para o carpete, ainda aos gritos.

— Para, para, para! — pediu. — Não faz mais, por favor. Por favor, sério.

— Mas está rindo — Nicolas observou confuso.

— Mas estou falando sério. Não faz mais... — insistiu.

— Por quê?

— Porque estou pedindo, por favor. A última vez que acordei assustado assim não foi nem um pouco divertido — esclareceu.

O mais velho franziu o cenho dando mais atenção sem entender.

— Sério? — estranhou Nicolas.

— Sério. Dessa vez foi divertido, mas não faz outra vez. É sempre assustador... Mesmo que por um momento.

Levantou-se beijando-o esperando que esquecesse o assunto o mais breve possível, e ainda sorria ao entrelaçar os dedos e subir os ombros com um suspiro.

— Então, quais os planos pra hoje? — Denis perguntou.

— Temos uma semana, então posso pensar em alguma coisa se quiser ficar aqui dentro... — sugeriu Nicolas.

— Não — recusou. — Vamos sair.

— Sim, senhor — acatou militarmente. — Tem uma caminhada nas proximidades, mas podemos deixar pra antes de irmos embora, quando estaremos mais cansados...

— Certo. Então... vamos tomar um banho antes de pedirmos o café da manhã.

— Você que manda, rim.

Em menos de uma hora estavam próximo ao Rio Uruguai, com cerca de cinquenta pessoas na fila e Denis usando o tempo até o limite para decidir andar ou não sobre o rio. Sorria nervoso, ansioso com a expectativa de deslizar acima da água, mesmo que não tão alto, receoso pela altura, imaginava aquele cabo firme romper e afogar os que estavam antes dele, na fila, ou na sua vez...

Sobressaltou-se com a mão de Nicolas nos ombros, que notando o que havia feito o abraçou.

— Podemos fazer outra coisa — Nicolas sugeriu.

— Não. Deixa eu decidir — pediu.

— E no que está pensando?

— Em coisas que não se deve dizer em locais turísticos — admitiu.

Esfregou as mãos, ansioso e pelo frio, até mais três vestirem os aparelhos e ligarem-se ao cabo que os levaria à outra margem, alguns metros adiante estava o início da tirolesa, convidativa com tantas pessoas se divertindo. No entanto Denis ainda tinha dúvidas.

— Vamos voltar — decidiu Nicolas lhe segurando a mão.

— N-não — recusou-se, era uma oportunidade única pra não tentar um pouco mais, estando ali.

— Não precisa se forçar. Você tem fobia, e grave até onde pude notar.

— Aquilo foi outra questão, eu não tinha escolha — falou. — E não poderemos voltar tão cedo, por causa das crianças.

— Certo... será bem rápido e podemos ir juntos?

— Juntos?

— Não vou te soltar — prometeu.

Puxou-o quando os pés de Denis saíram do chão primeiro, por ser menor, e abraçou-o sob os braços e com as pernas quando também perdeu o apoio. Nicolas puxou o rosto, onde conseguiu ver um sorriso paralisado, e depois de beijar o pescoço o rosto pareceu relaxar. O mais alto entrelaçou seus dedos, convencendo-o a abrir os braços para o vento, quando Denis fechou os olhos resistindo a vontade de olhar para baixo. Sorriu mais ao ver o namorado conseguir se divertir ao menos um pouco, se a altura fosse ignorada.

Até Onde Posso Alcançar...Where stories live. Discover now