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Nicolas entrou cedo, no horário que saberia que Denis estaria acordado, e preparou um café da manhã mesmo sem habilidade. Beijaram-se rapidamente e deixou que o outro seguisse sua rotina para que não se atrasasse, enquanto Guido tinha mais uma hora de sono. Depois de vê-lo de banho tomado e formalmente vestido aproximou-se novamente.

— Denis, podemos conversar? — pediu Nicolas.

— Claro. O que foi? — Denis voltando-se para ele.

Espichou-se nas pontas dos pés para conseguir passar os braços pelos ombros largos, mas ainda não alcançava o suficiente para abraçar o pescoço do outro e lhe beijou o queixo uma vez que Nicolas não abaixou-se.

— É sobre Ítalo.

Denis afastou-se e bufou irritado, indo ao quarto pôr os calçados, lembrando-se em meio do caminho que os sapatos estavam no quarto que passaria a dividir com Nicolas, quando este os visitasse ou decidisse voltar — depois de Guido juntar as duas camas no antigo cômodo.

— Denis, me escuta. Ele é seu amigo... — insistiu Nicolas.

— Não tenho nada pra falar sobre isso — Denis garantiu.

— Oliver ligou ontem, Ítalo não está bem.

Viu-o terminar de amarrar o calçado como se não estivesse ouvindo.

— Ele está desolado, e Oliver não suaviza palavras. Ele não está exagerando — advertiu.

— Não tenho porque falar de alguém que eu não conheço. Então sinto muito, mas não me importo o suficiente pra ter essa conversa.

— Se acontecer algo com ele você tem certeza que não se arrependeria?

— Nicolas, acha que eu gosto disso? — questionou. — Que gostei de descobrir que alguém, que eu considerava um amigo por tanto tempo, não o é? Bem, aparentemente ele e eu perdemos alguma coisa — conformou-se.

— Você está sendo duro demais, e não apenas com ele. O que faria se fosse o contrário?

— Se fosse o contrário eu não esconderia nada dele, e se escondesse não mereceria perdão. Mas eu não sou um falso, como ele... Quando eu estiver de volta, por favor esqueça desse assunto, ou deixe que eu o visito na sua casa daqui em diante — pediu.

— Está me expulsando daqui?

— Não. Eu só quero que nossos momentos juntos sejam mais divertidos do que isso. Vamos?

Ainda sem o carro Nicolas acompanhou-o ao ponto de ônibus em que cada um seguiu seu caminho, e onde o mais velho pararia de trabalhar no horário que Denis saísse do trabalho, direto para as aulas na universidade.

☼☼☼☼☼

Ítalo levantou-se e se escorou na porta, sonolento e de olheiras, após seguir os ruídos até na cozinha. Ao notá-lo Oliver de imediato parou o que fazia para beijá-lo no topo da cabeça e tomar seu rosto com uma das mãos, atencioso.

— Conseguiu descansar? — Oliver perguntou.

— Quanto tempo dormi? — perguntou. — Que horas são?

— São quase dez horas — respondeu. — Quer comer alguma coisa ou esperar o almoço?

— Dez horas? Por que não me acordou para trabalhar? Por que não me ligaram do escritório?

Oliver parou-o antes que se apressasse para sair, apertando seus ombros antes de tomar seu rosto com as duas mãos dessa vez.

— Ítalo, eu liguei para o seu trabalho e disse que você não poderia ir hoje — informou Oliver com o máximo de delicadeza que poderia. — Você não dormiu nada bem essa noite.

Até Onde Posso Alcançar...Where stories live. Discover now