~ 09 ~

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O ruído o acordou pouco antes do amanhecer baixo, então Ítalo acendeu a luz à cabeceira e olhou Denis, com os lábios mais vermelhos que o normal. Pegou a medicação na cômoda e deu a volta na cama, tocando seu ombro e fazendo o sono superficial do outro o acordar sobressaltado.

— Ítalo — reconheceu apreensivo —, o que houve?

— Nada, está tudo bem — o tranquilizou. — Acho que você está com febre.

Administrou o remédio e teve ajuda pra chegar ao banheiro, se sentindo culpado em deitar novamente.

— Se eu não estivesse aqui você estaria dormindo a essa hora, desculpe — lamentou. — Que dia é amanhã? — perguntou.

— Hoje. É quinta-feira — corrigiu. — E não se preocupe, eu durmo mais do que preciso, lembra?

— Daqui a pouco sairá para o trabalho e estou apenas o incomodando — suspirou. — Posso ir pra casa...

— Não está incomodando, pare de achar isso — censurou. — Acha que eu estaria conseguindo dormir tranquilo se você estivesse em casa com seu pai?

— Está sendo injusto com ele...

— Mesmo? Então me diga o porquê — desafiou.

— ...Ítalo.

— Eu vou pegar as coisas para fazer um curativo novo. E pare de se preocupar, em duas horas Oliver estará aqui.

— Por que Nicolas não fica, invés dele?

— Porque... possivelmente aquele vagabundo dorme até meio-dia. É rico e os pais pagam os estudos. Então não, eu não confio muito nele — declarou.

— Confia seu melhor amigo a um namorado de 10 dias...

— Ao menos não sobrou rim para que ele roube... — riu.

Denis o acompanhou, mas logo reclamou a dor que o outro provocava não intencionalmente.

— E ele não é meu namorado — declarou.

— Como não? Precisam se beijar quantas vezes para que sejam? — provocou.

— Não falamos sobre isso. Nós apenas... nos beijamos. Às vezes ele pergunta, às vezes não... — Movimentou ombros. — Só nos beijamos.

Deixando o ferimento tapado novamente Ítalo deitou-se de frente para o amigo, para conversar os minutos que ainda tinha.

— Então, enquanto eu estava internado, vocês ficavam? — questionou Denis.

— Isso ainda soa como compromisso — reclamou.

— Mas você gosta de compromisso, Ítalo! Prefere deixar as coisas claras do que deixar na incerteza.

— Eu não gosto, não! — negou. — E é isso que eu deixo isso bem claro. Ele é muito sério, as coisas com ele apenas são mais simples.

— Simples como?

— Como... "quer um beijo? Então toma!" — esclareceu. — Acho que ele vai cansar de mim em algum momento, mas beija tão bem que estou aproveitando.

Denis não sabia por onde começar a rir, lamentando cada falta de controle que provocava uma pontada de dor ainda que sob analgésico. Com Ítalo no banho arriscou puxar a mochila ao lado da cama e pegar o celular para se distrair um pouco, colocando os fones no ouvido e sintonizando a rádio antes de olhar a notificação. Começava a amanhecer.

Nicolas
Bom dia.
Espero que ele tenha conseguido dormir bem
fora do hospital.

Denis
Consegui sim, obrigado.
Bom dia.

Até Onde Posso Alcançar...Where stories live. Discover now