Até Onde Posso Alcançar...

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Jogou a mochila no banco de trás antes mesmo de libertar o esposo, lhe beijando os dedos para que entrasse no banco carona. E apenas então contornou a frente do veículo para tomar o seu lugar no assento do carona.

— Hoje foi pesado — comentou Kelson dentro de sua roupa de academia: uma bermuda preta e uma regata. — E estou faminto... O trabalho foi corrido hoje.

— Acho que o supermercado ainda está aberto — sugeriu Guido.

— É uma boa — concordou. — Ei, é final de semana! — lembrou-se. — As barracas da praça estão abertas.

— Vamos demorar mais...

— Vamos nada! — tranquilizou-o com um sorriso. — É no caminho, vamos comer, e passar o restante da noite juntinhos, sem perdermos tempo preparando o jantar. — Lhe puxou a mão para beijar novamente, antes de dar um pouco mais de atenção ao pegar o novo caminho. — A menos que se importe. Quer ir pra casa e descansar mais cedo? — questionou atencioso.

— Não — respondeu com um sorriso, mesmo que estivesse um pouco cansado. Bebeu um pouco mais de água.

Não demoraram tanto, aguardando menos de trinta minutos até que seus ambos kebabs estivessem prontos e um a mais para quem aguardava no carro. Comia um, deixando os óculos embaçados com a fumaça, e tinha os outros dois em uma sacola ao retornar para o veículo, que Guido pegou prontamente um pouco enjoado com o cheiro aquecido. Mas a brisa era fresca na janela aberta aonde apoiava a cabeça, e poderia dormir facilmente.

— Não vai comer? — perguntou com a boca cheia.

— Não estou com fome — respondeu de olhos ainda fechados.

— Certeza? Eu estou com muita fome — insistiu. — Lembra o que tem em casa?

— Não é como se eu fosse ter apetite...

— Certo, se é assim... Tem salada em casa, ou posso fazer batata frita, caso você mude de ideia — concordou. — O que acha?

— Que você está com muita fome de estar comendo e pensando em batata frita — gargalhou.

— É, estou faminto — acompanhou-o nos risos. — Não deu pra sair pra comer, no intervalo do trabalho, porque é dia de auditoria...

— O quê? — irritou-se. — Não deveria ter ido pra academia sem ter comido nada... — censurou-o.

— Mas eu gosto das nossas atividades juntos — resmungou —, e já tenho comida!

Em poucas quadras chegaram ao destino e Guido ficou feliz ao se livrar da calça leggin preta e da camiseta larga para se colocar sob o chuveiro quente onde Kelson apareceu tão logo terminou de comer. Aproveitaram o momento pra limpar os dentes e não vestiram muita roupa ao saírem, um dia quente que permitia os cabelos úmidos.

Não deram muita atenção ao filme que passava, iniciando um namoro suave de quem teria que acordar cedo na manhã seguinte. Algo relaxante antes de dormirem antes de dormirem deixando o aparelho ligado.

Todavia colocou os óculos antes de sair da cama, massageando o estômago com a dor que sentia. Uma indigestão por comer muito e rápido depois de horas em jejum. Vomitou um pouco e suspirou dando razão à Guido, que espiou, adormecido, pela porta aberta.

Limpou a boca com as costas da mão e fechou a porta tão logo surgiu outro golfo, levando mais tempo. Respirou com a dor mais aguda ali, levantando-se com alguma dificuldade e colocando a toalha no ombro antes de sair zonzo — talvez fosse a falta dos óculos...