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Pra Neon III latir e pelo ruído da porta sem que o namorado surgisse percebeu que estava sozinho, e pelo horário Nicolas seguiria de lá para a faculdade, deixando-se deitar a cabeça no tampo da mesa para repousar mesmo que Uny passeasse nos seus ombros, em miados, ao protestar um pouco de atenção.

Se moveria, se estivesse acordado, com o toque no pescoço, e não fez ruído algum ao colocar o cachorro e o gato em outro quarto, e retornou, sentando-se ao lado e tocando novamente a nuca, fazendo-se presente. Denis moveu a cabeça com cuidado para o seu lado, um pouco melhor do mal estar, e recebeu um sorriso antes das palavras mudas dos lábios de Nicolas.

— Dor de cabeça? — ele perguntou.

— Um pouco.

— Vamos no médico agora ou quando amanhecer?

— Daqui a pouco passa — sussurrou —, e estarei melhor.

Nicolas suspirou sem querer ser o motivo da piora de Denis, o convidou para deitar antes de ajudar a tirar as roupas. Denis teve companhia até dormir, e então ficou sozinho quando destrancou o outro quarto para os animais, e Nicolas deitou-se na sala.

— Deveria descansar — Nicolas resmungou em censura ao vê-lo de pé pela manhã. — Ou melhor, procurar um médico.

— O médico é no horário das minhas atividades — explicou. — Não posso ir por enquanto...

— Quando então? Quando piorar? Você pode dar atestado... — irritou-se com o adiamento constante.

— Já dou atestados nos check-ups mensais programados. Na verdade nem precisaria tanto, mas eu fico preocupado com o precioso rim que você me deu — riu relevando. — Nico, eu juro que estou bem.

— Mas... promete me ligar se não estiver bem? — pediu. — Então não precisa voltar sozinho.

— Eu ficarei bem, Nico — garantiu.

Beijou o tranquilizando, porém mesmo no carro à caminho do curso de aperfeiçoamento a cabeça voltava a incomodar com uma dor latejante agora. Na calçada Nicolas demorou a soltá-lo, preocupado, abraçando-o diante dos colegas da turma das aulas e deixando-o vermelho pela demonstração de afeto tão evidente no ambiente sério. Nicolas esperava que, se soubessem que era tão amado o ajudariam em caso de problemas. Denis não olhou para trás na partida do namorado que queria certificar-se de que estava bem ao caminhar para dentro do prédio.

O que não impediu de sair mais cedo da faculdade que não deveria ter ido. Aproveitaria que os mercados ainda estariam abertos pra fazer algumas compras e preparar algo mais leve para Denis, talvez uma sopa fria... Então não o veria chegar depois de não suportar aquela cefaleia mais aguda. Apressou-se após as aulas uma vez que a ligação não havia sido atendida como de costume, e não insistiu ao imaginar que o namorado dormia.

Deixou a porta aberta ao entrar e encontrar no chão a pasta de trabalho, e seguiu em busca no namorado. Encontrou-o ao lado da porta do quarto escuro e de cortinas fechadas, com a cabeça sobre os joelhos tentando conter o choro para não piorar a dor que sentia. Passou a mão por suas costas mostrando-se presente ao pensar no que poderia fazer.

— A dor piorou, não é? — questionou Nicolas.

Sem resposta.

— Consegue levantar? — pediu. — Vou te levar ao médico.

Teve que apoiá-lo ao ver o esforço que fazia apenas para se por de pé, com vertigem da cabeça quente pelo mal estar, Lhe tirou o paletó. De olhos fechados Denis precisou ser guiado sem que as lágrimas o deixassem, soluçando ao chegar à claridade do corredor e o ruído da porta do carro sendo fechada.

Até Onde Posso Alcançar...Where stories live. Discover now