Até Onde Posso Alcançar...

~ 76 ~

Antes de estar realmente bêbado Oliver abriu a caixa com os brincos, guardada com Ítalo. Denis deixou que o namorado visse sua careta depois de ter a linha cortada para colocar a joia, porém a dor era bem menor e não reclamou, diferente de Nicolas antes mesmo de ser tocado.

— Vai doer? — Nicolas perguntou.

— Claro que vai doer! Não tanto quanto antes, mas é uma ferida aberta, Nicolas — confirmou Oliver paciente.

Denis riu do namorado medroso, que resmungou tentando manter a cabeça imóvel enquanto todo o corpo se contorcia até ter terminado.

— Amanhã não vai doer mais — Oliver avisou.

— Como pode saber que não doerá uma semana? — questionou Nicolas.

— Do jeito que você é deve doer por um ano... — Kelson provocou. — Até a sua orelha cair...

Depois de Denis rir mais os amigos recolheram-se embriagados, embora não tanto quanto qualquer um deles gostaria.

Ainda estava sem qualquer distração. A televisão, além de falar outro idioma, não tinha uma programação que capturasse a atenção, e suas músicas no smartphone o fariam lembrar do que não queria. Sequer olhava as fotos tiradas que o namorado ou os amigos divulgaram, evitando as redes sociais onde ainda perguntavam como estava ou enviavam pêsames — o que odiava mais que qualquer coisa...

O que lhe restava era deitar voltado pro namorado, como agora com a cabeça apoiada no braço do outro enquanto mantinham as orelhas furadas para cima, uma vez que não furaram do mesmo lado. Ouvia Nicolas com atenção, sentindo-se um gravador, e quando o assunto terminava apenas olhavam-se curiosos com o que o outro pensava. O fato de estarem um pouco bêbados apenas deixava a situação mais delicada e estranha.

— Está cansado? — Nicolas perguntou.

— Não — respondeu.

— Quer fazer algo? — insistiu. — Assistir alguma coisa?

— Você quer?

— Quero que você esteja bem para descansar, igual ontem.

— Não precisa fazer nad...

— Eu quero, se você quiser — tranquilizou-o. — Quero te ver gozar, fazer você gozar. Posso te beijar?

Esgueirou-se, deixando claro que não havia problema em entregar-se àquela servidão, que o amava demais pra importar-se com uma retribuição idêntica quando poderia ter uma atenção igualmente equivalente fora da cama.

[ 8º 76: CE :76 ]

— Quem é o pequeno xodó agora, hein? — perguntou Nicolas ao se recuperarem.

— Ainda é você — Denis afirmou.

— Não, não sou! — resmungou provocando risos no acompanhante. — Seu... Essa teimosia...

Aconchegou-se no mais novo, deixando seu braço de travesseiro novamente quando não tinha mais saudades de quem Denis sempre foi.

☼☼☼☼☼

No meio da noite Ítalo acordou com as pernas indóceis de Oliver, estranhando quem no geral tinha um sono tão calmo.

— Está acordado, Oliver — Ítalo questionou.

Ele resmungou um sim.

— Você está bem? Perdeu o sono? — insistiu.

— Estou, sim — Oliver afirmou.