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Ítalo terminava o almoço quando ouviu baterem à porta e pediu que Oliver atendesse, vendo duas cabeças diante de um namorado visivelmente irritado.

— Olá! — anunciou-se Denis. — Trouxemos a comida — avisou.

— Visita surpresa? — recepcionou Ítalo. — Deveriam ter avisado que vinham.

— Avisamos — respondeu Guido. — Mandamos um SMS ontem.

— Mandaram? Ontem? Viu meu celular, Oliver? — indagou.

Encontrou-o no fundo de uma gaveta de roupas, deixando que os recém chegados se virassem e organizassem os preparativos do almoço que dobrou de tamanho. Foi à janela para ler as mensagens silenciadas e olhou para um Oliver repentinamente desconcertado.

— Oliver... — censurou Ítalo quando o outro se aproximou.

— Queria ser exclusivo ao menos esse final de semana — queixou-se Oliver em confissão. — Desculpe.

— Não pode ser exclusivo se eu não souber disso.

— Desculpe.

— Se mudar a configuração do celular de novo ou apagar alguma mensagem...

— Eu não fiz isso!

— ...eu mudo de número e troco o segredo da fechadura. Ou me mudo. E se esconder novamente também — ameaçou. — E aviso a polícia.

Voltou à cozinha e puxou as duas cadeiras para o quarto, de modo que podiam se acomodar melhor. Na cama Guido cruzou as pernas como se fosse meditar, e Oliver lhe entregou um prato com lascas de cenouras.

— Não estou com... — começou Guido.

— Não pense como comida. Pense como algo divertido que faz crec-crec — sugeriu Oliver mal-humorado.

Guido provou a primeira, em cortesia ao esforço do outro, no entanto parou de comer antes da metade da primeira lasca.

— Então, por que a visita? — questionou o anfitrião. — Querem dizer algo?

— Não, apenas saudades! Embora pareça que interrompemos algo... — disse Denis sem graça.

— Nada. Só nos salvou de comer na mini cozinha.

— Bem, eu tenho uma novidade... — Guido lembrou.

Terminou de comer a lasca, tocando as outras no prato e escolhendo a menor enquanto esperavam que se pronunciasse.

— Vocês sabem da licença médica, e a empresa não pode me demitir até eu melhorar... — disse Guido.

— Vai se demitir? — protestou Ítalo. — Não pode desistir assim!

— Não! Eles estão em expansão, e sabem que estou melhor aqui do que lá...

Voltou a mastigar ruidosamente.

— ...então como vão abrir uma filial na cidade... — continuou.

Pegou e largou outra lasca, trocando-a por uma mais estreita que esmagou com os molares.

— ...vão me transferir para cá. Como conheço a empresa e a cidade, eles vão me promover a sub gerente! — terminou de dizer.

— Sério? Quando te avisaram? — questionou Ítalo. — Incrível.

— Eu avisei na sexta-feira à noite, Ítalo!

— Desculpe, não vi a mensagem.

— E por que não me falou? — cobrou Denis.

— Eu estava tão animado, e você tão cansado que deixei pra depois. Terminei esquecendo...

— Certo, eu vou arrumar a cozinha. Você e Denis escolhem um filme, e Oliver me ajuda — decidiu Ítalo.

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