~ 07 ~

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Ítalo não achou problema em Oliver entrar no quarto de seu amigo desde que Denis ainda estivesse dormindo, e o mais alto viu-o pegar a mão de quem dormia, tremendo ao conter as lágrimas.

— Tem certeza de que você quer que o pai do Denis ache que ele está na sua casa, enquanto está internado aqui? — questionou.

— Levo ele pra minha casa, quando tiver alta — repetiu. — Posso cuidar dele lá.

— São mesmo amigos? — indagou. — Não é?

— Sim! — afirmou com um sorriso. — Melhores amigos. De infância.

— Porque vocês parecem... algo mais — insistiu. — Parece que ontem eu me meti em algo que não deveria quando nos...

— Somos apenas amigos. Meu único amigo depois que... assumi, digamos assim — esclareceu. — Então pude fazer mais amigos.

— Certo — falou compreensivo. — Eu vou ficar com o Nicolas, então. Manda uma mensagem pro celular dele, quando o Denis acordar — pediu. — Nicolas vai querer saber como ele está.

Foi abraçado repentinamente, surpreso. Oliver havia ficado com o primeiro turno no dia anterior, uma vez que havia chegado depois e estava menos cansado. E Ítalo não demorou a derrubar algumas lágrimas no ombro do que parecia ser um novo amigo conquistado.

— Obrigado por não me deixar sozinho — agradeceu. — Eu não saberia o que fazer. Já vim aqui várias vezes, em várias hemodiálises, mas minha cabeça simplesmente parou quando...

— Certo, certo. Agora vá. E lembre-se de não falar nada do doador a ele — alertou Oliver.

☼☼☼☼☼

O médico examinou a ferida de Denis, e sua respiração e pulsação pessoalmente, sem confiar totalmente nos aparelhos. No outro lado a enfermeira ajustava o soro e preenchia a ficha com os dados que o médico passava. Denis então teve as pálpebras puxadas para baixo para que pudesse mostrar a coloração, e em seguida para cima para que a luz fosse lançada em suas íris. O paciente frisou o cenho sem despertar.

— Está com um bom reflexo, e os sinais vitais, em repouso, estão ótimos — registrou. — Denis. Denis, está acordado? — chamou. — Ele deve acordar na próxima hora — tranquilizou o acompanhante.

Ítalo pode aproximar-se do lado que a enfermeira se afastou, apertando a mão do amigo com suavidade. Há uma hora recebera notícias de que Nicolas havia acordado, mas dormira novamente. E precisava se lembrar de apagar as mensagens do celular de Denis antes de devolver.

— Denis. Denis, acorde! — exigiu Ítalo.

— ...alo? — Denis sussurrou.

— Ótimo — disse o médico tomando a pulsação olhando para os monitores.

— Vamos, acorde — insistiu um pouco mais. — Está tudo bem.

— Ít... Ítalo... — a voz de Denis se tornou mais audível.

— Você conseguiu. Está tudo bem agora.

— ...não quero que vá embora. Não quero que ela...

Voltou a se acalmar quando notou que o amigo sonhava, e ao notar o médico fez as últimas anotações.

— Ele perdeu bastante sangue, e vai precisar de mais tempo — reforçou. — Mas não se preocupe, mesmo não tendo acordado ele está bem.

Saiu junto com o médico, para o corredor a princípio, e acertando a parede ao lado com o punho, irritado, até que o acompanhante daquele quarto saísse encostando a porta.

Até Onde Posso Alcançar...Where stories live. Discover now