Ítalo não achou problema em Oliver entrar no quarto de seu amigo desde que Denis ainda estivesse dormindo, e o mais alto viu-o pegar a mão de quem dormia, tremendo ao conter as lágrimas.
— Tem certeza de que você quer que o pai do Denis ache que ele está na sua casa, enquanto está internado aqui? — questionou.
— Levo ele pra minha casa, quando tiver alta — repetiu. — Posso cuidar dele lá.
— São mesmo amigos? — indagou. — Não é?
— Sim! — afirmou com um sorriso. — Melhores amigos. De infância.
— Porque vocês parecem... algo mais — insistiu. — Parece que ontem eu me meti em algo que não deveria quando nos...
— Somos apenas amigos. Meu único amigo depois que... assumi, digamos assim — esclareceu. — Então pude fazer mais amigos.
— Certo — falou compreensivo. — Eu vou ficar com o Nicolas, então. Manda uma mensagem pro celular dele, quando o Denis acordar — pediu. — Nicolas vai querer saber como ele está.
Foi abraçado repentinamente, surpreso. Oliver havia ficado com o primeiro turno no dia anterior, uma vez que havia chegado depois e estava menos cansado. E Ítalo não demorou a derrubar algumas lágrimas no ombro do que parecia ser um novo amigo conquistado.
— Obrigado por não me deixar sozinho — agradeceu. — Eu não saberia o que fazer. Já vim aqui várias vezes, em várias hemodiálises, mas minha cabeça simplesmente parou quando...
— Certo, certo. Agora vá. E lembre-se de não falar nada do doador a ele — alertou Oliver.
☼☼☼☼☼
O médico examinou a ferida de Denis, e sua respiração e pulsação pessoalmente, sem confiar totalmente nos aparelhos. No outro lado a enfermeira ajustava o soro e preenchia a ficha com os dados que o médico passava. Denis então teve as pálpebras puxadas para baixo para que pudesse mostrar a coloração, e em seguida para cima para que a luz fosse lançada em suas íris. O paciente frisou o cenho sem despertar.
— Está com um bom reflexo, e os sinais vitais, em repouso, estão ótimos — registrou. — Denis. Denis, está acordado? — chamou. — Ele deve acordar na próxima hora — tranquilizou o acompanhante.
Ítalo pode aproximar-se do lado que a enfermeira se afastou, apertando a mão do amigo com suavidade. Há uma hora recebera notícias de que Nicolas havia acordado, mas dormira novamente. E precisava se lembrar de apagar as mensagens do celular de Denis antes de devolver.
— Denis. Denis, acorde! — exigiu Ítalo.
— ...alo? — Denis sussurrou.
— Ótimo — disse o médico tomando a pulsação olhando para os monitores.
— Vamos, acorde — insistiu um pouco mais. — Está tudo bem.
— Ít... Ítalo... — a voz de Denis se tornou mais audível.
— Você conseguiu. Está tudo bem agora.
— ...não quero que vá embora. Não quero que ela...
Voltou a se acalmar quando notou que o amigo sonhava, e ao notar o médico fez as últimas anotações.
— Ele perdeu bastante sangue, e vai precisar de mais tempo — reforçou. — Mas não se preocupe, mesmo não tendo acordado ele está bem.
Saiu junto com o médico, para o corredor a princípio, e acertando a parede ao lado com o punho, irritado, até que o acompanhante daquele quarto saísse encostando a porta.
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Até Onde Posso Alcançar...
RomanceAVISOS - Este livro contém gatilhos de abuso sexual, violência, álcool e distúrbios alimentares. Por favor abandone-o caso não se sinta confortável no decorrer da leitura. [ tipo: menções ] - Este livro contém trechos eróticos, que estarão sinalizad...