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Ítalo cancelou os compromissos da manhã seguinte, indo ajudar no preparo do almoço seguindo uma dieta rigorosa para não correr o risco de sobrecarregar o rim do amigo, ainda que fosse saudável. No rosto de Nicolas, ao ser recepcionado, ainda via o preço de passar mais de 24 horas acordado.

— Entra, ele está no quarto — convidou o anfitrião. — Não teve uma boa noite de sono, quase que o levei de volta ao hospital...

— Ele tomou algum remédio? — perguntou Ítalo à caminho, anunciando-se.

— Sim, mas não quer voltar ao médico e ficou chateado porque o levei. Bem, ele estava inconsciente... — conformou-se. Fique à vontade para convencê-lo, estarei cochilando no sofá — bocejou.

— Certo. Eu cuido dele.

Balançou a cama ao se deitar depois de se livrar da mochila, acordando Denis de um pesadelo superficial com algo alto, que não conseguiria recordar se tentasse. Chamado pelo amigo virou-se ainda de olhos fechados, um pouco mais corado e aquecido do que na noite recente.

— Você está me ouvindo, não está? — Ítalo perguntou.

— Estou — respondeu mantendo os olhos fechados. — Só estou cansado... a cabeça vazia. Obrigado por...

— Tem certeza que não quer ir pro hospital? — indagou. — Vai se sentir melhor.

— Já estive em hospitais... mais vezes do que deveria em uma vida...

Foi abraçado com intenção de ser ainda mais aquecido, e aconchegou-se no calor do pescoço de Ítalo.

— Se parar de conversar, eu o levo — advertiu. — Gente inconsciente não decide — chantageou. — Você comeu alguma coisa?

— Uhum... — resmungou.

— Falei com Guido ontem, ele contou que veio cuidar dos filhos de vocês. E que Kelson quer tentar três dias de academia, com ele, pra passarem mais tempo juntos em uma atividade diferente — contou. — Ele disse que vai tentar também, porque quer passar mais tempo com ele fora os finais de semana ou hora de dormir... Parece que estão se entendendo muito bem agora... — continuou. — Ah, você dormiu... —percebeu ouvindo-o ressonar.

Deixou seu posto apenas por algum tempo, para preparar salada de batatas e cenouras, voltando para o ruído ainda mais barulhento de Denis quando exausto e gravando um curto vídeo de ambos para o Whatsapp, deixando para ir para casa mais tarde do que se saísse do trabalho.

Denis acordou sonolento horas depois de o amigo ir embora, sentando-se na cama e percebendo ser noite, apoiou-se na cabeceira ao notar o dia de trabalho perdido. Olhando ao redor tentou se lembrar das últimas horas ao não lembrar de ter estado na cama.

— Nico, está em casa? — chamou.

Não demorou a ouvir passos apressados e latidos antes do namorado chegar preocupado.

— O que foi? Está sentindo algo? Está bem? — interrogou preocupado lhe medindo a temperatura e a coloração.

— Estou. Estou bem agora — tranquilizou-o. — Obrigado. Tive um sonho estranho... Com Ítalo e você, mas você miava.

Nicolas sentou-se na cama rindo, se abaixando para o chão e soltando o que pegou na cama.

— E eu era desse tamanho? — perguntou Nicolas.

— Gato! — exclamou Denis, animado. — Um gato!

— É, você salvou esse infeliz. A cegonha o deixou lá fora e você quase morreu, mas o salvou...

Nicolas seguiu-o ao banheiro onde o viu vomitar na pia ao lembrar-se do feito 'corajoso', antes de decidir tomar um banho sob supervisão de um parceiro preocupado.

Até Onde Posso Alcançar...Where stories live. Discover now