Até Onde Posso Alcançar...

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Denis moveu-se, incomodado pelo ruído e percebendo Guido ainda abraçado a si, e sonolento atendeu o telefone sem abrir os olhos. Franziu a testa ao reconhecer a voz animada, que conhecia tão bem, após retornar das aulas.

— Boa noite! — Ítalo animado.

Não respondeu, vendo Guido se levantar para escovar os dentes antes de deitar na própria cama depois de ver a mensagem de boa noite enviada pelo namorado.

— Acho que não pôde ver a notificação ainda. Quero que seja o convidado de honra na minha formatura, junto com o Guido! — convidou Ítalo.

— Não poderei ir — informou Denis.

— Você estava dormindo, desculpe! — riu. — Não falte só porque te acordei, não seja cruel...

— Não é isso. Realmente não poderei ir.

— Por que?

— Estou cansado, Ítalo. Preciso dormir.

— Certo. Eu ligo em outro momento então.

— Não precisa ligar mais.

Ítalo estranhou a ligação ser encerrada repentinamente e a seriedade de Denis, sem perceber que Oliver notava sua expressão confusa.

— O que houve, querido? — questionou Oliver.

— Denis está estranho. Já é tarde e estava dormindo — disse Ítalo.

— Acha que adoeceu?

— Acho que não. Disse que eu não precisava ligar mais.

— Não deve ser nada, apenas cansaço. Talvez esteja em um caso diferente, mais difícil e que deva dar mais atenção.

Oliver deixou que o outro se aconchegasse mais, estando chateado por não poder falar com o amigo naquele momento. Ítalo esperou mais um pouco, olhando esperançoso que todas as mensagens do grupo fossem visualizadas, o que não aconteceu. E quando foi visto dormir teve os cabelos beijados antes do namorado também fechar os olhos.

A primeira coisa que Ítalo fez ao chegar ao trabalho foi enviar um SMS de bom dia à Denis, imaginando que também estivesse no escritório. Não habituado àquilo Denis o leu, deixando o outro surpreso ao notar as mensagens ainda ignoradas do outro aplicativo, então insistiu no SMS.

Ítalo: O que aconteceu?
Ítalo: Vou passar aí no almoço.

Aguardou a visualização, notando que para ser ignorado em dois aplicativos se tratava de algo pessoal. Ainda determinado a visitá-lo invés de comer, foi bem recebido na recepção, por visitas anteriores que deixavam clara a amizade de ambos. Com permissão de entrar seguiu sorridente pelo corredor até a sala de Denis.

— Boa tarde! Vamos comer juntos hoje? — convidou Ítalo.

— Ítalo... deveria avisar que viria — disse Denis.

— Então não pode ver a mensagem ainda... eu avisei. Com o que está tão ocupado hoje?

— Não posso explicar agora, tenho um compromisso.

Ítalo tirou o sorriso do rosto, encarando quem não se dera ao trabalho de o olhar ao levantar-se, vestir o casaco e pegar o celular, em direção à porta com uma desculpa que claramente era mentira, ganhando a rua.

— Podemos marcar algo mais tarde? — sugeriu Ítalo.

— Desculpe — Denis cortou.

— Certo, tenho tempo livre até voltar pro trabalho, então te acompanho. Podemos conversar no caminho.