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Em alguns minutos Oliver viu sua posição ser substituída por duas policiais que ficariam em vigília quando Denis seguiu para o consultório médico com os equipamentos que solicitou ao namorado. O delegado acompanhou-os, depois de muita insistência para o que talvez fosse o caso da sua carreira, e Nicolas se manteve junto à parede, da sala cheia demais, pra desculpar-se novamente por não encontrar a chave da pequena caixa.

Todavia aquilo não era problema pra Denis, que jogou e pisou até que madeira cedesse e pudesse ter o pendrive em mãos e conectado ao aparelho.

— Por que a polícia está aqui? — questionou Oliver. — Ítalo está encrencado?

— Não — respondeu Denis rapidamente.

— Então o quê? 

— Oliver, senta um pouco — pediu Nicolas.

— Não é o meu cansaço que me preocupa agora.

Após ligar o notebook Denis afastou-se deixando-os ver o que já havia assistido e reprisado diversas vezes em suas ideias fantasiosas de salvar o amigo. O médico e os policiais certamente se recordariam daquele caso que fora transmitido diversas vezes nos jornais sensacionalistas.

A gravação mostrava a data e a hora no topo da tela, e não demorou para que Oliver reconhecesse a história completa dos fragmentos que havia escutado. Homens entravam em uma porta do longo corredor, e após um salto de horas a mesma foi aberta novamente.

Outro salto de tempo e a última pessoa saía do aposento, e reconheceu mesmo sob a marca que protegia a identidade, diferente dos rostos apresentados antes. Logo várias portas abriam, e paramédicos surgiam, mesmo que aquela câmera não mostrasse mais o que acontecia.

Queria apenas correr para o seu esposo. Confortá-lo para que todas as lembranças de tempos de miséria o deixassem em paz, e sentia-se um fracasso sem poder oferecer qualquer coisa que não o ferisse mais do que estava, contido por Nicolas para que parasse de socar as paredes.

— Vamos olhar os arredores — garantiu o delegado. Sim, talvez fosse o caso da sua vida naquela cidade, no final das contas... Mesmo que não merecesse os méritos.

Denis poderia se contentar com aquilo. Ao menos se empenhariam, ao menos não era apenas ele que se importava, ao menos Ítalo teria uma resposta decente daquela vez...

— Denis... quando ele... — sugeriu Oliver.

— Ele não teria dito nada, se não confiasse em você — lembrou-o ao se afastar.

— Como você está? — Nicolas perguntou.

— Horrível. Com medo e ansioso — confessou Oliver. — De-devastado, mas... ele está sendo tão mais corajoso. Mais do que eu por não poder vê-lo... Por quanto tempo mais tenho que ser?

— Só mais um pouco, por ele — pediu. — Está bem? Ele sabe que não está sozinho, vocês dois sabem que estamos aqui.

— Eu queria apenas... estar com ele.

— E vai estar — garantiu. — Ele só precisa de um pouco de tempo antes de pedir pra te ver, ou vir correndo.

Oliver abraçou-o quando não pode mais conter-se, deixando que o amigo suportasse um pouco do peso das lágrimas e soluços que embaçavam a vista quando Denis passou pelos policiais pra entrar no quarto.

— Ítalo — falou.

— E-eu... eu não quero saber, Denis — recusou.

— A polícia está investigando, pode ser que ele não esteja mais aqui.

Até Onde Posso Alcançar...Where stories live. Discover now