Até Onde Posso Alcançar...

~ 13 ~

Denis acordou Guido antes que ficasse mais tarde, ainda teria de trabalhar no dia seguinte, e quanto mais tarde estivesse em casa maior seria a dificuldade em sair da cama. Percebeu, enquanto o acordava do modo menos repentino possível, que Ítalo se aprontava para também sair.

— Vai sair a essa hora? — perguntou.

— É, marquei um compromisso — Ítalo confirmou, animado.

Guido e Denis entreolharam-se com sorrisos travessos, e o mais novo pegou as rodelas de cenoura que cortaram enquanto ele dormia.

— Então realmente atrapalhamos alguma coisa — percebeu Guido.

— Ele só está com um pouco de expectativas, um pouco excessivamente — confessou.

— Faz umas três semanas que se conhecem e vocês ainda não... — percebeu Denis.

— Sabem como costumo ser. Ou os beijos e tudo, ou o sexo e nada. Ele quer os dois.

— E você quer o que?

— Não sei. Guido, preciso te perguntar uma coisa, e precisa ser sincero comigo.

O tom de voz preocupou Denis, uma vez que Ítalo não parecia perceber tão rapidamente a sensibilidade do mais novo, que agora o encarava um pouco inquieto depois de morder mais uma rodela.

— Certo — concordou Guido.

— Desde que conheceu Oliver tem melhorado. Por quê? — questionou Ítalo.

— Melhor?

— Ele conseguiu que você se alimentasse melhor.

— Ele não me fez comer.

— Comeu um prato de três cenouras essa tarde!

— Não comi.

— Comeu — concordou Denis, sem o pressionar.

— Eu não...

— Gosta dele — Ítalo observou.

— Vocês dois parecem se dar bem.

— Ele é sério demais, Guido. Não é medo de ele fazer alguma coisa se não comer, não é? Não deveria ficar com medo dele...

— Ítalo, se Oliver consegue mandá-lo comer, isso é ótimo — interviu Denis.

— Mas se aceita as ordens faz por motivos errados. Quero saber o porquê, Guido. Diga que gosta dele, e por isso faz o que ele diz.

— Eu não... Eu não sei, ele apenas... Parece não esperar nada de mim, e não preciso provar nada pra ele, Pro Ítalo. Desculpe se parece que eu gosto dele mais que o normal, mas não. Ele só me passa alguma segurança sem se importar muito, acho. E vou te obrigar a casar com ele se terminar o namoro! — ameaçou. — Você sabe que nem todos tem essa sorte de encontrar alguém, de ser correspondido e valorizar a relação...

Guido levou o prato de volta pra geladeira, tirando o pedaço que mordera da boca e jogando no lixo, repentinamente apático e sem ver o tapa que Denis acertara no braço de Ítalo. Desceram as escadas em seguida, aproveitando a carona do táxi de Ítalo e chegando em casa antes do que pretendiam, para aprontarem-se para dormir antes que o amigo chegasse ao destino.

Ítalo descobriu que, diferente do amigo, Oliver não morava com a família e tinha um belo apartamento de poucos cômodos, similar ao seu, porém mais espaçoso e decorado. Oliver lhe recebeu com um sorriso e sem camisa, com um volume suspeito que achou tentador. Queria apenas beijá-lo, sendo deixado ofegante quando ele se afastou.

— Então... — começou Oliver.

— Você sabe, as coisas mudam muito depois de transar... — confidenciou.