Qual filho vale mais?

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Capítulo 1


Os senhores barões e os fazendeiros estavam alvoroçados pelo medo, os boatos corriam por todo território que estava muito próximo a libertação de todos os escravos.
A luta acirrada dos abolicionistas, poetas e alguns homens de boa índole contra os horrores da escravidão, estava surtindo efeito.
A coroa se sentia ameaçada por outros países, pois a abolição já havia sido implantada em toda a Europa.
E na corte se falava abertamente sobre o assunto em todos os recintos.
Não havia dúvidas que em questão de pouco tempo todos os escravos teriam suas tão sonhadas cartas de alforria.

Senhor Samuel de Albuquerque, era uma herdeiro rico.
Recebeu de seu pai por herança a fazenda Esmeralda.
Os cafezais eram imensos e os seus escravos eram tratados com menos rigor que os de seus vizinhos fazendeiros.
Em sua fazenda era permitido que os escravos constituíssem famílias, ele acreditava que assim, eles seriam mais pacíficos e fáceis de lidar, o que acabara em tese sendo verdade.

Senhor Samuel tinha uma bela esposa, dona Beatriz, e quatro filhos pequenos, o mais velho chamava-se Fellipe na tenra idade de doze anos.
Seu escravo mais fiel e trabalhador, chamava-se Leôncio, também tinha sua linda família, três filhos e sua esposa Ayana estava grávida do quarto.
O filho mais velho Caetano tinha onze anos.
Sua mulher era mucama e ama de leite das filhas de sua senhora, que nutria um carinho especial por sua dama de companhia, a tratando como amiga.
Aquela fatídica manhã amanheceu extremamente quente, era o mês de agosto e o verão em seu pleno auge.
Fellipe gostava de cavalgar pela fazenda e sempre trazia consigo Caetano, após cumprir todas as obrigações, o sinhozinho não o deixava para nada.
- Estou com muito calor, vamos nadar!
- Sinhozinho, eu não sei nadar.
- Ora, basta imitar os cachorros, você vai conseguir!
- Sinhozinho...
- Vamos atravessar a lagoa nadando, chega de se portar feito uma menininha.
Eu estou mandando!
Caetano olha a imensidão da lagoa, seu coração bate rápido no peito. O medo o faz tremer, mas o que fazer?
O jeito é obedecer seu sinhozinho.
Os meninos tiram suas roupas e ficam somente com as roupas de baixo. Fellipe entra primeiro na lagoa e joga água em Caetano, que sorri e se esquiva, logo os risos o faz ter mais confiança, e ele entra aos poucos.
- Vamos, venha comigo e vamos atravessar para o outro lado.

A água estava convidativa, e começaram a trajetória, no meio da lagoa onde a água não dava para os pés alcançarem o fundo, Fellipe tem cãibras e logo grita por socorro.
- Caetano, socorro! Não consigo nadar.
- Sinhozinho, eu não sei, não sei o que fazer!
Logo começam a gritar e pedirem ajuda.
Um escravo vê as crianças se batendo nas águas, e se põe à gritar por ajuda.
- Nhonhô! Vem depressa, os meninos estão se afogando! Socorro, socorro!
Do terreiro da casa grande Samuel grita também por ajuda, Leôncio ouve e corre como um raio para salvar os meninos.
No meio da lagoa, os dois se debatem um tentando se agarrar ao outro e com isso, os dois afundam e sobem à superfície.

1/10/21

Maria Boaventura.

Espinhos da LiberdadeWhere stories live. Discover now