Cair e levantar

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Cair e levantar.

Capítulo 9

Fazenda Esmeralda

A aurora não havia se apresentado ao dia e Castilho bate nas grades de ferro da senzala.
- Acordem negada! Mais um dia de trabalho nos espera.

Ele caminha para o lugar onde está Leôncio e puxa com uma força excessiva as correntes que o prendem pelos punhos.
Abre o cadeado e com sarcasmo diz: - É nego, não quero estar em sua pele.

Abre o cadeado e com sarcasmo diz: - É nego, não quero estar em sua pele

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O senhor Samuel te pegou mesmo para Cristo.
Dê-me cá seus pés, de agora em diante você irá andar feito pato na lama, e terá que se virar para acompanhar os outros negros no caminho do eito e lá também!
Se não puxar o eito direitinho o chicote vai cantar no seu lombo.

Mal acaba de falar e coloca algemas com grossas e curtas correntes nos tornozelos do negro.
Os passos dele se tornam curtos, isso o faz ter que correr com passinhos coordenados para alcançar os negros no caminho do eito, se não, cairá ao chão.
Quando lá chegam, ele é colocado na frente da capina, e com as correntes curtas ele cai e levanta por inúmeras vezes.
De quando em vez, o mato se entrelaça nas correntes e a lida para Leôncio torna-se renhida, o que leva o negro à receber duas chicotadas durante o dia.

No meio da mata os três escravos estão a tirar lascas, senhor Damião vem fiscalizar o trabalho, para ver se está fluindo.
Ele chega silencioso e ouve o negro Mané vangloriando-se pela noite maravilhosa que teve, com risinhos zombeteiros conta como currou a negra grávida.
Vem na hora na cabeça de Damião o conteúdo da carta que o senhor Samuel lhe escreveu:
_ Não a tratem mal, não toquem nela, apesar de tê-la enviado aos seus cuidados meu amigo; Ela é minha propriedade...

Damião teme e se enfurecendo com o ocorrido, imaginando a reação de Samuel quando souber, grita ferozmente com o negro.
- Negro dos demônios!
Como você ousa tocar na minha escrava?!
E irado parte para cima de Mané desferindo-lhe vários golpes com um chicote de corrente que sempre traz em suas mãos.
O negro cai ao chão protegendo o rosto com os braços, senhor Damião aponta-lhe o dedo em sinal de ameaça e diz:
- Não ouse tocar nela, seu infeliz bastardo! Se ousares colocar um só dedo ou até mesmo o pensamento na minha escrava, eu te castro!
Juro que castro!
Logo após, sai às pressas rumo à casa para relatar o ocorrido para Alma, sua esposa.

O negro levanta-se e limpa o sangue que verteu de seu rosto, e sorrindo diz:
- Esse velho maldito quer a nega só pra ele, viu que ela e gostosa e ficou bravo por eu pegar primeiro.
Acho que vou pegar a sinhazinha Catarina no meio desses matos ai, ela deve ser uma delícia!
Ou pego a mais novinha, aquela sim! Ah, por ela eu levaria cem chicotadas e sairia feliz, valeria a pena, depois que montasse aquela ninfetinha.

- Pare com isso! Você está procurando um jeito de morrer.

Diz Oracio preocupado com os
desatinos do escravo.
Após uma estridente gargalhada o negro lascivo diz:
- Morro, mas morro feliz!

E voltam novamente a retirar lascas.

Maria Boaventura.
8/10/21

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