Médicas x Advogados

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Médicas e Advogados

Capítulo 13

Após uma breve distância percorrida pelo Bonde, os amigos alugam um coche e seguem para o endereço.

Uma rua do subúrbio com características peculiares...
Havia casas e sobrados com aspectos sofisticados, meio a essa sofisticação, casebres.

Rodolfo e Damasceno descem frente ao endereço obtido.
Negros e algumas pessoas de nível inferior aguardam do lado de fora o momento para serem atendidas.
Os dois amigos adentram ao consultório, na ante sala, logo após chegarem, dois operários chegam carregando um jovem que sofreu um acidente.
Sua perna está com uma fratura exposta.
Um dos homens grita por socorro, duas jovens lindas saem de seus consultórios...
Aurélia manda colocarem o jovem em uma maca.
Seus olhos não se levantam para observar quem está a sua frente, apenas da a ordem com toda  autoridade.

- Moço, ajude-me aqui, segure a perna dele com força, vamos! Segure rápido.
E você aí, ajude a segurar os braços. Tenho que colocar o osso no lugar.

Rodolfo de Alencar fita seus olhos naquela jovem médica com seu avental sujo de respingos de sangue.
Ela é mandona e não houve como não obedecer, segura a perna do jovem e ouve mais uma vez a jovem médica dizer:
- Puxe, vamos!
Com mais força!
Ele puxa e o osso volta para seu devido lugar, fazendo o jovem desmaiar de tanta dor.

- Agora afaste-se, irei suturar o ferimento.
Prima dê-me o iodo, a linha e as faixas.
- Aqui! Posso suturar?
Estava ansiosa por algo assim.
- É claro! Com todo o prazer.

E o jovem advogado dr. Rodolfo vê aquele anjo sorrir...

- Com licença, a senhorita é a médica?
- Sim! Sou a doutora Aurélia.
Gostaria de se consultar?
- Não, na verdade eu...
- Então dê-me licença, tenho muitos pacientes para atender.
- Gostaria de conversar com a senhorita sobre doações de medicamentos.

Aurélia que já havia dado alguns passos rumo ao seu consultório, se detém e da meia volta colocando toda à atenção na fala do jovem.
- Doações?
- Sim, sou o doutor Rodolfo
de Alencar, e esse é meu amigo doutor Damasceno Silveira.
Ouvimos falar de seu consultório e da ajuda que vens promovendo junto aos pobres e também aos escravos.
- Doutores?!
- Advogados.
- Que pena!
- Pena?!
- Sim, imaginei mais ajuda médica, pois estamos a precisar.
Mas doações de medicamentos são nossas prioridades no momento.
Nossa farmácia está vazia, estamos apelando para chás curativos, orações e muito milagre.

Rodolfo sorri ao ouvir o bom humor e os gracejos daquela linda mulher, ante as dificuldades que vem enfrentando.

- Minha prima doutora Letícia juntamente comigo, ficaremos imensamente gratas por qualquer ajuda.
Tudo aqui é deveras bem vindo.
Porém, tenho muitos pacientes agora, isso me impossibilita  de conversarmos nesse momento, preciso de ajuda ugente, não posso deixar que saiam.
- Podemos voltar outro dia.
- Não!!

Grita Aurélia.
Todos olham para ela, ela sorri.
- Que tal às sete horas sairmos para um jantar?
Imaginem que já são cinco horas e estou somente com o café da manhã.
- Eu apreciarei deveras.
- Será-me um imenso prazer.
- Muito bem, nos aguardem por aí, em qualquer lugar que os senhores quiserem.
- Aguardaremos com prazer.

Ela da as costas e caminha para seu consultório, volta sobre os pés e diz:
- Espero que os dois doutores tenham trazido dinheiro, pois estou morrendo de fome!
E prossegue seu caminho.
- Não se preocupe, podes comer a quantia que aguentares!

Os dois vão matar o tempo em uma praça próxima ao consultório.
Damasceno olha para Rodolfo e diz em um tom de indignação:
- Vês se pode meu amigo, ela nos convida para o jantar e diz que nos é quem pagaremos!
Estou a ver que isso não vai prestar.
- Ora, Damasceno.
Somos os cavalheiros, sempre somos os pagadores...
- Somente te digo uma coisa Rodolfo: Vi primeiro!
A loira será minha.
Apesar de esfomeada, ela é um pitel.
- Nem pense nisso!
Ficarás com a outra, essa linda loira será minha esposa.
Me casarei com ela, tenhas a mais absoluta certeza.
Nunca vi uma mulher tão bem humorada, ela é minha!
- Está bem, fico com a outra doutora, mas sem casório!

Os dois riem...

Aurélia aproxima-se de Letícia e a ajuda a terminar de colocar a faixa na perna quebrada do jovem.

Uma hora e meia se passa...
- Aurélia, você tem certeza que devemos sair com esses totais desconhecidos?
- Letícia, será a primeira vez que saímos nesses meses todos.
E eles pagarão o jantar, estou para morrer de fome!
E as doações?!
Precisamos de medicamentos urgentemente, não perco esse jantar por nada!
- Mas...

Aurélia faz um biquinho e Letícia sede.
Aurélia tem um dom de obter o que quer, sempre.
Dizem que esse poder de convencimento, ela  recebeu de herança materna.

- Está bem, mas o que segurou a perna é meu!
- Doutor Rodolfo.
- Doutores?
- Advogados.
- Que pena!
- Pois bem, fico com o outro ele é razoalvelmente bonitinho.

Elas sorriem das brincadeiras e vão banham-se e vestir-se.

Maria Boaventura

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