Salvando vidas.

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Salvando vidas.

Capítulo 57

O silêncio é um eficaz amigo para àqueles que o praticam...

Leôncio caminha em silêncio ouvindo os dizeres dos negros,
Não estão satisfeitos com o saque e com a barbárie que acabaram de cometer, já estão planejando a invasão da próxima fazenda. Ao postergar
Sua viagem para à Capital;  imaginando ser por uma boa causa; a fome que os negros do quilombo estavam passando...
buscar algo para os alimentar, parecia ser o certo naquele momento, porém, tirar a vida de pessoas inocentes, jamais esteve em seus planos.
Ele aconselhou o chefe do bando, que parece não se importar com leis ou as vidas perdidas...

Para alguém que deseja fazer com que às leis de cumpram
Em seu favor e contra o senhor Samuel, ficar contrário a lei não é um bom negócio.

No quilombo...

Após chegarem, são recebidos
Com uma grande festa.
Tambores e cantorias africanas toma conta do quilombo.
Uma grande fogueira e acendida, vários animais são mortos e a carne é destribuida
por todos os barracos.
Os negros estão bêbados, pois
saquearam a adega da fazenda e não param de beber durante a caminhada de volta.
A pilhagem é dividida, causando algumas brigas e discussões entre o bando.

Leôncio encosta- se em um dos barracos e fica observando a baderna.
Miro ouve alguns negros conversando sobre Leôncio e sua atitude apaziguadora.
Ele fica receoso com o que ouviu e vem conversar com seu amigo.

Na Capital...

Aurélia e Letícia recebem um bilhete deveras estranho.

Doutoras, preciso de atendimento urgente.
Enviei-lhes meu cocheiro para conduzi-las.
Peço que venham às duas. Sem demoras, por favor!
Tragam suas maletas.
A. Q. V.

- O que achas, Aurélia?
- Parece-me alguém muito aflito.
- É muito estranho, tenho medo, ainda mais a essas horas da noite.
- A única coisa que sei, é que fizemos um juramento, não podemos deixar ninguém sem atendimento.
- Maldito juramento!
- Para nós, nos parece maldito, para o doente é bendito.
Vamos!
- Ora, não há mesmo outro jeito!
Vamos, e que Deus nos proteja!
- Amém!

Letícia e Aurélia sobem na carruagem que está lhes aguardando.
O cocheiro açoita os cavalos,
que voam pelas ruas de paralelepípedos.
A viagem chega ao fim quando param frente à uma grande casa cercada por jardins belíssimos.
Ao descerem, são recebidas por uma governanta que às recebe com aflição.
- Doutoras, queiram me acompanhar, por favor.

Sobem uma grande escadaria que as conduzem ao segundo andar.
Antes de chegarem à porta do quarto, se deparam com um senhor muito bem vestido, o qual lhes estende a mão com muita agonia.
- Doutoras, agradeço-lhes por terem vindo.
Desculpe-me, sou o Duque Otílio de Queiroz Valverde.
- Muito prazer, senhor Duque.
Mas queremos saber da urgência para que nos mandou buscar.
- Mil perdões, minha filha se encontra em um estado deplorável...
Entrem, por favor!
A governanta abre a porta do quarto.
Deitada em uma cama está uma jovem de seus desessete anos, ela está em trabalho de parto faz muitas horas, o sangramento está constante, a parteira já não sabia mais o que fazer e implorou para que a Duquesa chamasse às doutoras para salvarem a vida da jovem...
- Meu nome é Berenice, sou parteira para mais de vinte anos, o parto da menina está deveras difícil, o bebê está atravessado e não há dilatação suficiente para vira-lo...
- Agradeço pelas informações, Berenice.
Agora deixe-me examinar a garota.
Diz Letícia levantando o lençol que cobria as partes íntimas da paciente.
- Doutoras, sou a Duquesa Leopolda de Queiroz Valverde.
Mãe da Moça.
- Prazer, quero pedir-lhe que saía! A senhora e as duas jovens ali também, somente a parteira fica.
Será melhor para o andamento do parto.
Ás três mulheres saem, a Duquesa sai sobre protestos,
mas deixa as médicas fazerem seu trabalho.
Aurélia segura a mão da jovem e diz:
- Querida, me diga qual é seu nome, meu amor?
- Antonella.
Disse a jovem, quase em um sussurro.
- Antonella, a doutora Letícia vai examiná-la, o procedimento se chama toque.
Irei verificar se está tudo bem com o bebê, para isso, irei tocar suas partes íntimas, pode ser desconfortável, porém, necessário!

A jovem balança a cabeça em um gesto afirmativo, a doutora Letícia a examina, enquanto Aurélia tenta ouvir os batimentos cardíacos do feto.
Logo após examiná-la, as médicas vão para fora do quarto.
Conversarem com os pais.
Aurélia os chama para ficarem longe da porta para que a paciente não ousa o diagnóstico:

-Senhores, sua filha está em um estado crítico, o bebê não está na posição correta para o nascimento, a parteira já tentou colocá-lo na posição, vira-lo.
Sua filha está fraca, não suportará mais nem um tipo esforço para que o bebê nasça.
- Vocês têm que fazer alguma coisa! Eu disse que chamasse um médico.
Olha só, agora Antonella vai morrer...

Diz a mãe em pleno desespero.

- Pode salvar nossa filha?!
Diz o pai preocupado.

Podemos tentar salvar a vida dos dois, se fizermos uma cesária.
- O quê?!
Vocês querem abri-la?
- Infelizmente, se não fizemos esse procedimento, morrerá tanto a mãe, quanto a criança.
Não podemos garantir a vida de nenhuma delas, porém, talvez consigamos salvar a duas.
Tudo depende de muita fé.
Também podemos esperar por mais algum tempo...
Perderemos a mãe e o bebê.
- Façam!
Eu às autorizo.
- Meu marido, é muito arriscado.
- Arriscado é ver nossa filha morrer sem tentar de alguma forma salva-la.
Eu autorizo, façam tudo o possível para salvar minha menina...

Maria Boaventura.

Espinhos da LiberdadeWhere stories live. Discover now