Arrependimentos

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Arrependimentos

Capitulo 68

Às vezes, é inútil lutar contra sentimentos que invadem seu subconsciente.

Aquele olhar na imensidão, aquelas lagrimas que escorrem sobre a face ou apenas um suspiro involuntário durante uma reflexão.

Sentimento de culpa; de ingratidão; de falta de amor ou misericórdia, podem desencadear uma dor imensurável que somente será aplacada se o erro for corrigido.

A violência extrema que acometeu a jovem Catarina a fez odiar o ser que foi gerado em seu ventre intentando contra sua pobre vida. Aquela sena de deixa-lo afundar nas aguas do rio, não lhe saem da memória, seu olhar sempre no infinito céu azul ou estrelado busca achar uma maneira de perdoar os atos daquele negro maldito e aplacar sua culpa por intentar contra a vida de seu próprio filho. A culpa foi deveras acrescentada, por não ter forças suficientes para amar aquele ser tão pequeno e inocente que não teve a chance de ser abraçado e amado pela mãe. _ Não, não posso ama-lo! Ele é filho daquele monstro.

Meu Deus! Ele também é meu filho! E assim, as lagrimas de desespero invadem o coração e a mente daquela pobre jovem, menina e mulher.

A mesma angustia e incerteza de ter feito o melhor para sua família invadem o coração e a mente do senhor Damiao.

_ Pobre criança, que culpa ela tem de ser filha daquele demônio?! É apenas uma criança...

Negra ou mulata, uma criança que tem meu sangue... meu neto, meu neto!

A imagem de Ayana pedindo para a criança perdoar sua mãe, não lhe sai da memória.

_ Pobre do meu netinho, ele deve me perdoar mais que a todos. Nunca deveria tê-lo levado...

- Alma! Alma!

- Sim, meu marido! Que gritaria é essa?

- Vou até à vila, talvez não consiga voltar hoje não se preocupe comigo, tão logo resolva tudo por lá, venho.

- Foste à vila esses dias atrás, o que tens para resolver por lá?

- Coisas minhas. Já disse, apenas não se preocupe.

E dizendo isso, arreia seu cavalo e parte para vila.

A tarde já tomou conta da imensidão, senhor Damiao para frente ao convento e bate no grande portão da frente, uma portinhola de ferro se abre e uma freira pergunta lhe o que deseja:

- Sim senhor, no que posso ajudá-lo?

- faz poucos dias que deixei uma criança na roda dos enjeitados, quero ela de volta.

- Preciso falar com a madre superiora, não vemos muito disso por aqui.

Voltarei logo, por favor aguarde.

- Sim, aguardarei aqui.

Poucos instantes depois, chega um jovem negro com jeito meio amalucado pedindo-lhe ajuda.

- Senhor, senhor! Pode me dar uma moeda?

Eu e a nhá Jacinta precisamos pra comer. Só uma moedinha, só uma!

- Onde você mora, negrinho?

- Logo no pé do morro, Bem ali.

Enquanto o senhor Damiao conversa com o doidinho a freira abre o portão e o manda entrar.

- Daqui a pouco eu sairei e te darei uma moeda.

- Vou esperar quietinho, não saio daqui, não saio. Quero minha moedinha, não vou sair, não vou!

Espinhos da LiberdadeWhere stories live. Discover now