Capitulo 101
Reencontro
Pode-se tirar tudo de um homem; sua razão, seus sonhos, sua família, sua vida...
Mesmo assim este homem viverá e como uma fênix ressurgirá de suas cinzas se apesar de tudo, sua esperança foi-lhe preservada.
Quando se tem uma faísca de esperança a chama arderá em seu coração e o objeto do seu desejo surgirá límpido e claro como outrora foi.
Afinal, "A esperança nunca morre".
Pensão
- Conjuro todos os santos! Como pode haver duas pessoas iguaizinhas desse jeito? Só pode ser mandinga da brava!
Diz dona Zulmira maneando sua cabeça e jogando o guardanapo que estava em suas mãos por sobre seus largos ombros.
- É realmente incrível a semelhança que há entre vocês duas. Diz Catarina as olhando de cima à baixo.
- Confesso que não vejo uma semelhança tão grande assim, todavia, creio que se todos dizem realmente somos iguais. Diz a baronesa.
- Não me imagino ser tão bela quanto a senhora, baronesa.
Fico lisonjeada com a comparação. Diz Ayana
- Vote! As duas são a fuça uma da outra, e não adianta dizer que não são! Diz Zulmira entrando para a cozinha chacoalhando seu grande quadril.
- Então, vamos para o hospital?
- Sim, baronesa. Podemos ir agora mesmo.
Diz Ayana, abraçada ao menino.
-Antes, posso ir ao quarto mudar meu vestido?
- Vai Ayana. Eu cuido do Gabriel e você pode ir sossegada.
Diz Catarina pegando o menino. Ela sorri para a baronesa que observa intrigada seu comportamento. Ayana mal sai e Gabrielzinho estende os braços para a baronesa a chamando de mamãe.
- Olha, ele confunde mesmo vocês, não tem jeito.
Diz Catarina estendendo os braços e o entregando para a baronesa.
Ayana volta rapidamente, ela está com um vestido simples e com os cabelos penteados.
Da para ver de longe que suas mãos tremem de nervoso. O menino a vê e a chama de mamãe e volta para seus braços, não há como negar, existe algo estranho entre Catarina e Gabriel e a baronesa logo percebe.
Todas entram na carruagem e seguem para a Santa Casa de Misericórdia.
Delegacia
O escrivão chega e se posiciona em uma mesa menor do lado da mesa do delegado, que logo volta e se assenta em sua cadeira. Ele não olha nos olhos de José, pois ainda está irado com a empáfia daquele negro que não rebaixou-se nem por um instante.
José continua sentado em sua cadeira e seu rosto tem um semblante manso e passivo, isso deixa o delegado mais irado.
- Vamos, escrivão. Tome logo o depoimento do doutor advogado e logo após arquive para que seja anexado o depoimento da outra parte em questão.
Diz o delegado muito serio.
- Podemos começar, doutor? Diz o escrivão olhando para José Jeronimo.
- Podemos sim. A vitima relatou-me que o senhor Samuel, o qual era seu dono na época do ocorrido... após mergulhar e trazer o jovem falecido... Senhor Samuel atirou nos três filhos da vitima; três crianças menores de oito anos... intentou contra a vida de sua esposa gravida... sua senhora salvou a vida de sua mucama colocando-se na frente da arma de fogo... o dito cujo teria matado Leôncio e seus irmãos de cor se não tivesse chegado a guarda do império... foi perseguido e esfaqueado pelo capitão do mato, Vulgo Serafim... eu o trouxe de trem para que sua vida fosse preservada.
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Espinhos da Liberdade
Historical FictionApós a abolição da escravidão, muitos escravos libertos se viram sem rumo, sem perspectiva. Saíram sem nada, a não ser, suas vidas errantes pelos caminhos desconhecidos do destino. A liberdade tão sonhada, transformou-se em espinhos. Uma nova, velha...