Se descobrindo

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Capitulo 85

Se descobrindo.

"Quão feliz será a geração que conseguirá a tão sonhada liberdade?!

Quão feliz será o dia em que todos serão iguais; o dia em que irmãos brancos e negros caminharão de mãos dadas seguindo por um único caminho, uma única direção."

Agora que o tempo chegou, que o sonho da liberdade realizou-se, não há felicidade; não há o único caminho a seguir.

O sol da liberdade nasceu em um eclipse total, tornando os dias tão escuros quanto às noites que não têm luar. A cor da pele dos libertos, não os libertou, seus senhores continuam arrancando o suor de seus corpos fracos e desnutridos. Pagando-lhes salários diminutos e irrisórios.

E o sol da liberdade não brilhou lhes em raios fúlgidos, o sol da liberdade nasceu-lhes

Em uma eclipse total.

Fazenda Esmeralda.

A noite chega, dona Beatriz está apreensiva e temerosa, pelo resultado que alcançará a reunião com os colonos. Castilho avisou a todos sobre a reunião e exigiu a presença deles, sem exceções.

- Minha patroa não consentirá a falta de nenhum de seus compatriotas, hoje o problema será resolvido, se não, amanhã pela manhã à guarda virá para resolve-lo.

Senhor Mauricio, o chefe da colônia, garante que todos lá estarão.

Às dezenove horas a maioria já têm chegado. Castilho vai até a casa grande para acompanhar sua patroa até ao barracão.

- Cuide das meninas para mim.

Diz dona Beatriz para à cozinheira, que já se tornou sua amiga e companhia para os dias sombrios que a vida em Esmeralda lhe proporciona.

- Boa noite, Castilho!

- Boa noite, senhora. Já estais pronta para a reunião com os colonos?

- Existe outra alternativa para mim?

- Temo que não.

- Sendo assim, preparada ou não, lá vou eu.

E caminham para o barracão onde estão eles reunidos. Todos se fazem presentes, inclusive os jovens que praticaram os roubos no deposito de alimentos e também abateram os animais.

Faltando alguns metros para chegarem, já começam a ouvir a discursão acirrada entre os italianos, Gritos, chingamentos e dedos apontados na cara. Castilho e dona Beatriz param à porta e se põe a observar, quando os italianos dão conta que a patroa ali está, calam-se e se assentam com seus rotos em brasas e bufando de raiva pois, suas estadias naquela fazenda se encontra ameaçada por aqueles jovens safardanas que não valorizam os bons costumes de seus patrícios.

Beatriz respira fundo e altiva diz:

- Espero que os senhores tenham resolvido o problema entre vocês mesmo e, que não seja preciso que a guarda intervenha, e assim, leve os culpados presos. Não terei um pingo de dificuldade em chama-la. Creio que há entre vocês pessoas honradas que cumprem com suas palavras, porém, se continuarem descumprindo o contrato, não terei alternativa a não ser pedir para que saiam de Esmeralda.

- Senhora Beatriz, não podemos todos sermos culpados pelos erros de alguns. Como a senhora bem sabe, não são todos culpados...

- Sei que não são todos culpados, porem, tenho ciência de que os senhores sabem quem tem roubado minha dispensa e matado meus animais. Não pensem que a ausência de meu marido me torna vulnerável, tenho os contratos de arrendatários de todas às famílias e lá está muito bem rezado de todas as obrigações de ambos os lados. Qualquer bem que for usurpado de minha fazenda, é motivo para a expulsão de todos vocês de minha terra sem direitos algum!

Espinhos da LiberdadeWhere stories live. Discover now