Liberdade e igualdade

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Liberdade e igualdade

Capitulo 25

A morte, é uma amiga inesperada, ela bate à porta, e é insistente e persistente...

Às vezes, não havendo como abrir; virasse e vai embora, sempre aguardando o momento oportuno para voltar e entrar.

Em um dia de sol, um dia de chuva fria, pela manhã ou durante a noite.

Ela vem de mansinho, sua visita é inevitável e certa.

Não compete ao individuo dono da casa, não a receber, a porta se abre...ela entra.

Fazenda Esmeralda.

Senhor Samuel está satisfeito com sua crueldade contra o negro Leôncio, volta sorrindo para a casa grande, no caminho, encontra seu feitor Castilho:

- Castilho, antes que escureça retire o negro do fosso, leve-o para a lagoa para que ele se banhe, dê algum alimento para ele, não quero que ele morra; ainda!

- Sim, patrão.

O feitor vê Miro e outro negro que estão cuidando de afazeres no pátio, manda que retirem o escravo do fosso e o levem à lagoa para banhar-se.

Uma corda é jogada e Leôncio é arrastado até a borda do fosso e puxado para fora.
Seu estado é deplorável!
Seus irmãos de cor o arrastam para a lagoa e o afundam na água fria, a gosma fétida se espalha, os negros o despe e o esfregam com sabão de soda.
Após o banho, é colocado a ferros na senzala.

- Ele está muito fraco, não vai aguentar a fuga!

- Não vamos sem ele, esperamos alguns dias para que ele se restabeleça.

Leôncio, Leôncio! Coma um pouquinho, você precisa se reerguer.

Quando a vasilha com o alimento chega próximo ao seu nariz, ele sente enormes ânsias, e vomita uma água verde e viscosa.

Miro pega-lhe o rosto com as duas mãos e baixinho lhe diz perto do ouvido:

- Já estamos preparados para uma fuga em massa, e tu meu amigo, não há de ficar para trás! Vamos! Coma e se fortaleça. Iremos sair desse suplicio,  e você vai com a gente...

- Deixe-me dormir, não irei morrer aqui, não agora; eu juro!

O sitio

As  três horas da madrugada, chega à carroça trazendo senhor Damião e sua esposa. Ayana houve o barulho e corre abrir a porta da cozinha, essa noite em especial ela está dentro da casa, pois, Catarina e Selma estão aterrorizadas com o acontecimento. A imagem do negro morto e a brutalidade do ato que ele cometeu contra às duas, se torna impossível de esquecer.

- Senhor Damião, dona Alma.

Deus foi quem os trouxe antes do dia marcado!

- O que houve negra, diga o que aconteceu?

- Vamos, diga Ayana! Não me deixe nervosa.

- Senhor e sinhá, aconteceu algo muito ruim...

- Papai, mamãe?!

As meninas abraçam seus pais aos prantos.

- O que está acontecendo minhas filhas?!

Sob muito choro e lamento, todos adentram a casa e Catarina conta envergonhada o que o negro fez com ela e o que quase fez com a pequena Selma.

- Negro dos infernos! Como ele teve a coragem de tocar em você?

Meu Deus!

- Sinto muito, papai! Diz Catarina aos prantos.

Espinhos da LiberdadeWhere stories live. Discover now