O bom samaritano
Capitulo 75
Há um antigo ditado que diz: devemos fazer o bem, sem olhar a quem!
Esse antigo ditado não é de muita valia em tempos de segregação e uma latente discriminação. A sociedade tende a exercer uma classificação natural em seus indivíduos; classe social, cor, raça, etc.
Para aqueles que fogem dos padrões de sua casta; classe social, cor ...
Essa tal ajuda humanitária se torna desumana. Podemos dizer que: deve-se fazer o bem, sempre olhando e calculando a quem.
Todavia, existe exceções entre os seres humanos, em qualquer época existe aqueles que sempre fazem o bem sem se importarem a quem.
Na capital...
Ayana e Catarina se ajeitam no quartinho da pensão.
- Deixe que me ajeito no colchão no chão, menina Catarina.
- De jeito algum, você e o Gabrielzinho dormem na cama e eu dormirei no chão.
- Mas?!
- Não existe, mas! Eu dormirei no chão. Não aceito discursões!
- Está bem. Dormiremos na cama.
E as duas amigas se ajeitam o melhor possível. Gabriel dorme como um anjinho no canto da cama de Ayana.
A chuva cai lá fora e algumas goteiras incomodam todos os hospedes da pensão, Catarina se ajeita, e não conseguindo adormecer recorda de seu filho; do choro desesperado... do rio, das aguas se abrindo e engolindo a pobre criança.
Seus olhos vertem lagrimas que se tornam continuas, mais uma vez, desde o dia em que ela deixou seu filho ser levado para a roda dos enjeitados; todas as noites, na escuridão do quarto, seus olhos derramam-se como cachoeira em um dia de chuva.
O dia nem amanhece e elas já estão sobre seus pés na sala onde se fazem as refeições.
- Ora, as meninas já estão de pé? Vocês deveriam ficar mais na cama, o dia está nublado e garoando muito, enquanto o sol não sair e o tempo não esquentar, essa garoa não passa.
Diz dona Zumira com grande conhecimento de causa, pois ela nasceu e sempre viveu na capital do Império.
- Esperamos que passe logo, viemos à capital para procurarmos o marido de Ayana e queremos começar logo cedo.
- Verdade? Como ele é? Se ele passou por essas bandas, com certeza conheço ele.
- Meu marido é negro e se chama Leôncio, veio do interior de uma fazenda chamada Esmeralda...
- Não, não me lembro de nenhum negro com esse nome, mas vou perguntar para alguns conhecidos. Agora, sente-se ai, e aguardem um pouco que logo sai um café com bolinhos de chuva.
- A senhora precisa de ajuda? Posso ajuda-la com o café da manhã.
- Não se avexe, tô acostumada a fazer tudo nessa pensão, se as meninas quiserem ir à cozinha para conversarmos até sair o café, podem vir!
Dona zumira sai caminhando lentamente chacoalhando seu enorme quadril,
as duas amigas acompanham a mulher, cozinha à dentro.
Na estalagem...
José Jerônimo toma seu café rapidamente, pois está se aproximando o horário em que o trem partirá para à Capital.
Samuel não teve uma boa noite de sono e desce às escadas com cara de poucos amigos, ao ver o negro advogado sentado e tomando o café da manhã, o encara com um olhar fuminante, olhar esse, que é prontamente ignorado por José Jerônimo.
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Espinhos da Liberdade
Historical FictionApós a abolição da escravidão, muitos escravos libertos se viram sem rumo, sem perspectiva. Saíram sem nada, a não ser, suas vidas errantes pelos caminhos desconhecidos do destino. A liberdade tão sonhada, transformou-se em espinhos. Uma nova, velha...