Lutando com a morte

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Lutando com a morte

Capitulo 76

Há apenas uma certeza plena nessa vida, a morte!

Desde o dia em que o sêmem fecunda o óvulo, da-se inicio a uma nova vida, vida cheia de esperanças, sorriso, tristezas... porém, esses sentimentos abstratos são passageiros e incertos. Nesses momentos que passamos nessa terra, há somente uma certeza, a morte.

Não há como fugir, não há como se esquivar, ela virá! Tudo que vivemos, amamos e adquirimos, desaparecerá como a nuvem desaparece com o vento. O que restará, com o tempo, será o esquecimento a escuridão na mente daqueles que futuramente sucumbirão à ela; amiga ou inimiga morte.

Fazenda Esmeralda

Dona Beatriz está com o coração nas mãos, preocupada com Ayana que certamente partiu para à Capital, preocupa-lhe o menino, único filho homem de seu marido...

Debruçada no parapeito do alpendre olha o silencio e a paz de estar sem a presença de Samuel em casa: _ Meu Deus, como Samuel irá reagir ao descobrir que sua obsessão por Ayana lhe gerou um filho homem? Temo por minhas meninas, temo pela loucura latente na cabeça daquele homem perturbado. Meu Deus, me ajude!

E assim, passa-se mais um dia de preocupações para dona Beatriz.

No sitio.

Dona Alma permitiu que Catarina acompanhasse Ayana, todavia, seu coração está turbulento mesmo sabendo que a mulata é de boa índole, ainda assim, não tem leitura nem conhecimentos para procurar um homem em tão grande cidade.

Damião preocupa-se com seu neto mulato que deixou aos cuidados de Nhá Jacinta, ele procura uma maneira de contar para Alma, mas não encontra coragem.

A menina Selma não se conforma em ter ficado e sua irmã ter viajado, vive emburrada pelos cantos.

Os trabalhadores estão lutando pelo pão de cada dia, os espinhos dessa tal liberdade continuam perfurando os negros libertos, o que parecia ser a solução; tornou-se um turbilhão promessas não cumpridas. Escravos libertos; escravos da falsa liberdade.

Para os negros do quilombo à luz ao final do tuneo se ascendeu, as terras da baronesa estão sendo repartidas e cada família do quilombo irá receber o seu quinhão.

Miro está tomando ás rédeas e os negros que não foram presos pelos crimes cometidos, estão agradecidos e eufóricos pela oportunidade de cultivarem suas próprias terras.

Quanto àqueles que foram presos, estão aguardando o julgamento que não demora à acontecer, o medo de enfrentarem a forca toma seus pensamentos.

Os dias se passam para todos, presos, livres , brancos e negros...

Na Capital

Após o café da manhã, Ayana e Catarina saem à rua. A mulata segura seu filho bem apertado em seu peito , olha para o grande movimento que há na rua, olha as construções amontoadas e as pessoas que também se amontoam nas calçadas... por todos os lados ela vê homens, mulheres e crianças negras. Catarina observa o semblante de sua amiga e coloca a mão sobre seu ombro: - Não se apoquente, Ayana. Nós vamos encontrar seu marido, pode demorar mais do que pensávamos, todavia com certeza, Deus vai nos ajudar.

- Como vamos encontra-lo nesse mar de gente?

- Tendo esperança!

- Espero que à esperança nos baste.

E começam a andar pelas ruas perto da pensão, todos a quem podem, perguntam por Leôncio, ninguém o viu ou soube dele, até que uma negra velha diz:

- Conheço o Leôncio sim! Ele mora no morro do Torto, ele e a negra dele construiram um barraco lá.

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