Dois pais, uma dor.

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Capítulo 2

Leôncio pula na água e nada ferozmente.
- Salve meu filho, salve meu filho!
Grita Samuel em total desespero.
- Fellipe, Fellipe! Por favor, meu Deus! Não deixe ele morrer.
Leôncio chega ao meio da lagoa, não vê nenhum dos dois meninos, ele mergulha e pega no braço de seu filho que já está quase sem sentidos.
Samuel olha e vê que o negro está trazendo o seu próprio filho, o desespero toma lhe conta e ele grita com toda as forças de seus pulmões:
- Leôncio! Deixe esse negrinho aí, pegue meu filho, meu filho!
Leôncio!
Leôncio nada com todas às forças e deixa Caetano a beira do barranco, ele mergulha e volta ao mesmo lugar onde estava Caetano.
Após mergulhar várias vezes, encontra O sinhozinho Fellipe sem vida.
Ele pega o menino e nada para a margem.
Caetano vomita a água que havia ingerido, tosse e assenta-se.
Ao ver seu filho sem vida, o ódio toma conta do coração daquele senhor de escravos.
- Não, não! Negro maldito!
Deixou meu filho morrer!
Maldito, infeliz!
E chora...
Podia-se ver o ódio latente e a dor descomunal no rosto daquele homem.
Ele pegou o corpo do filho e se assentou ao chão, chorando feito criança.
Passaram-se alguns minutos, Caetano estava recuperado do susto, todos da fazenda ali estavam chorando a morte do primogênito do senhor Samuel.
Dona Beatriz chorava incontrolavelmente à morte do filho e era consolada por sua mucama Ayana.
Samuel com ar de ódio, nunca visto em seu rosto, levanta-se e parte para onde está Leôncio cuspindo raiva:
- Seu Negro maldito! Deverias ter salvo meu filho!
Você não merece viver, não merece ter felicidade, seu infeliz.
Pega a pistola que está no coldre de seu capataz e atira na cabeça de Caetano, que cai sem vida aos pés de seu pai.
Leôncio grita , chora e implora e é segurado pelos homens do senhor Samuel.
- Não, não! Assassino!
- Agora você sabe o que é perder um filho!

1/10/21
Maria Boaventura.
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