Luta acirrada

31 7 40
                                    


Luta acirrada

Capítulo 16

O movimento em prol da libertação dos escravos cresce a cada dia...

Negros se revoltam com suas condições precárias, por todo território brasileiro há revoltas e fugas.
Os quilombos estão super lotados de homens, mulheres e crianças, pessoas contrárias à escravidão ajudam em fugas ou escondem os fugitivos.
Aguardando a lei que dará a liberdade para a raça negra.
Enquanto  opositores fazem de um tudo para que a escravidão perdure e para que os escravocratas não percam sua mão de obra barata; abolicionistas, simpatizantes juntamente com pensadores e intelectuais da época.
Fazem uma aliança para que a lei para a libertação, conclua-se rapidamente.

O Brasil é o último país da América latinha a viver esse regime retrógrado.

Os escravos estão cada dia mais revoltosos; Fazendeiros usam de força extrema para os submeter à resignação e obediência, negando-lhes qualquer tipo de informação ou cultura.
Ao ignorar os verdadeiros fatos, não há como lutar contra eles, assim a ignorância faz com que, os instruídos sempre tomem vantagem.

No restaurante...

O negro; Sob olhares altivos de fregueses que apesar de conviverem com pessoas de cor, livres e instruídas, não conseguem se livrar do racismo congênito.

Ele caminha sorridente para a mesa das jovens médicas, elas levantam -se e o abraçam:
- Sua benção, tio: diz Aurélia e Letícia.
- Deus às abençoe.
- Tio José, quero lhes apresentar os doutores Rodolfo de Alencar e Damasceno Silveira.
- Me é um imenso prazer; são médicos?
- Advogados!
- É deveras uma pena!
Diz o doutor José Jerônimo Munhoz.

As jovens sorriem e assentam-se.
Letícia olha para os dois jovens e diz:
- Mais uma vez peço desculpas.
Nosso tio sempre nos diz que é deveras uma pena deixar a medicina pelo direito, pois ele sofre do mesmo infortúnio.
- O senhor é advogado?
- Sim, não admirem- se por ser negro e advogado.
Na verdade, sou livre desde muito jovem quando  fui adotado pelos pais de Aurélia.
Isso me abriu portas em várias  faculdades.
- Meu tio foi escravo na fazenda de minha mãe.
- Sente-se conosco e nos conte essa maravilhosa história, por favor, não nós negue saber essa sua saga; de escravo a advogado:
Diz o doutor Rodolfo.
- Ficará para uma próxima vez, prometo.
Essa noite estou muito ocupado com assuntos particulares...
Eu vim saber notícias de minhas sobrinhas, não às encontrando, deduzi que estariam aqui, pois todas às noites elas aqui estão.
- Jante conosco tio!
- Realmente, hoje não posso.
Estou em uma luta acirrada contra um fazendeiro que vem escravizando crianças.
- Fico indignado com tal coisa, o ser humano não deixa de causar decepção.
- Deveras, doutor Rodolfo.
Peço mais uma vez desculpas, foi um imenso prazer conhecer os jovens advogados.
Prometo contar minha história, outro dia.

E se despede, deixando os dois jovens curiosos para ouvir a história de vida do doutor José Jerônimo Munhoz.

Chega o jantar e entre conversas e sorrisos...
- Sério, não estava suportando a fome.
- Corres o sério risco de praticar o pecado da gula!
- Minha querida prima, hoje estás afiada.
Queria fazer-me autópsia, agora me imputa um pecado capital!

Os quatro jovens riem e a noite se torna pequena para tantos assuntos.
Após combinarem a doação dos medicamentos e serem convidadas para participar das passeatas e manifestação contra a escravidão, na qual os jovens estão engajados.
Olham ao seu redor e as cadeiras de todas as mesas estão de pernas para o ar sobre as mesmas.
E não há ninguém no recinto à não ser os quatro.
Rodolfo paga a conta e saem caminhando, conversando como se fossem velhos conhecidos. Eles acompanham as jovens até a porta de sua casa...
- Eu havia dito que era perto!
- Letícia! Diz Aurélia.
- Foi um grande prazer conhecê-las, também seu trabalho com todos os necessitados.
- Agradecemos e esperamos que as doações perdurem por muito tempo.
- Faremos de um tudo para que isso aconteça.

Quando chegam frente ao sobrado, eles se despedem...
- Nos veremos!
- Com certeza, nos veremos!
- Boas noites, senhoritas!
- Boas noites senhoritas: diz também Damasceno.

Elas respondem o cumprimento e entram...
Os jovens ficam sobre seus pés frente à porta...
A porta se fecha e elas desaparecem.

- Estou apaixonado!
- Eu perguntaria por qual, porém já sei a resposta.
-Ela olhou somente para você Damasceno, não creio que  terei chance com a senhorita Aurélia.
- Terá, gostei da que olhou para você, não abrirei mão de lutar por ela.

Rodolfo dá um tapinha no ombro de Damasceno e diz:
- Estamos em maus lençóis meu amigo
- Concordo plenamente!

E caminham para ver se conseguem um coche que os levem aquela hora da noite para suas casas.

Maria Boaventura

Todos os direitos reservados.


Espinhos da LiberdadeWhere stories live. Discover now