Triste destino

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Triste destino

Capítulo 7

Damião o dono do sítio a recebe, o cocheiro entrega uma carta para ele e parte de volta.
A tal carta explica como será a negociação entre Samuel e Damião.

O sítio é um lugar de difícil acesso, uma grande clareira no meio de uma densa mata.
Senhor Damião tem duas filhas e três escravos e a escrava grávida veio para completar o quadro de quatro.

- Qual e seu nome negra?
- Ayana, Sinhá.
- Sou dona Alma, essa é Catarina e a mais nova é Selma.
- Muito gosto em conhecê-las.
- Até esse bucho sair você vai cuidar dos afazeres da cozinha e da casa toda.
- Sim, sinhá!

E assim começa a saga de Ayana, sua família destruída o único consolo é o filho que carrega em seu ventre.

Mais tarde quando está a sós com seu marido dona Alma questiona.
- Uma negra grávida? Não tinha outra não?!
- Mulher vou te falar , mas é para  você fechar o bico, essa negra vai ficar aqui a pedido do senhor Samuel da fazenda Esmeralda.
Não me pergunte o porquê!
Ele tá pagando muito bem, então não abuse dos serviços dela.
O que ele tá pagando vai dar pra gente respirar o ano inteiro, Ah, ela não sabe que não foi vendida, então bico fechado sempre.
- Assim, sim!
- Coloque serviço nela, ela tem que pensar que é nossa escrava, mais não vai matar a galinha de ovos de ouro!
- Tá bom, seja feita a sua vontade.

Ayana foi levada para uma pequena senzala, onde os escravos dormiam trancados.
Catarina teve pena dela e arrumou um colchão de palhas, onde ela pudesse dormir.
- Esse colchão é velho, mas se você mexer as palhas da para descansar o corpo.
Trouxe um lençol e um cobertor também.
- Agradeço sinhazinha.

A noite chega, e com ela os três escravos vêm da lida e se assustam com aquela bela negra grávida.

- Quem é você negra?
Pergunta Oracio o escravo mais velho.
- Meu nome é Ayana.
- Buchuda, pra que vai servir?
- Serve pra muita coisa Bidu!
Fala Mané com um tom lascivo na voz.
- Pare com isso Mané, deixa a mulher em paz.
Mané da um sorrisinho e  encosta em seu canto.
Ayana senta-se sobre o colchão de palhas e acaricia sua barriga  que está se movimentando.
- Papai penso que não deverias deixar Ayana  junto com aqueles negros.
E também ela tá grávida e lá faz muito frio.
Damião olha para Alma e pede sua opinião.
- O que achas mulher?!
- Aqui dentro não tem lugar, deixa ela lá, junto com o bando tudo vai dar certo.
- Se você diz.
Mas amanhã vou construir um puchadinho pra ela, logo a cria nasce e vai precisar pra deixar o neguinho lá.
- Amanhã se vê isso.
Damião trás a comida para os quatro e manda apagar a lamparina logo após comerem.
O óleo terá que dar para o mês todo.
Logo ao comerem a lamparina é apagada.

Na escuridão da madrugada um corpo se arrasta sorrateiramente para cima do colchão de palhas de Ayana.
Ela acorda assustada com uma mão em sua boca e outra levantando seu vestido e descobrindo sua barriga saliente.
- Quietinha, vai ser rápido; sussurrou  o negro em seu ouvido.
- Se gritar ou gemer rasgo sua barriga e seu neguinho nasce antes do tempo.

Lágrimas rolam dos olhos de Ayana e no mais profundo silêncio seu ventre é invadido por aquele negro devasso.
Depois de se satisfazer ele lambeu-lhe do colo de seu seio até o ouvido.
- Obrigada negra, eu tava precisando; sai de dentro do corpo trêmulo de Ayana arrastando- se para seu lugar completamente satisfeito.
Oracio percebe o ocorrido, não há o que se fazer.
Bidu dorme profundamente.
Ayana abaixa seu vestido e soluça a triste sina de uma mulher negra.
A raça não faz com que o sexo masculino seja mais , ou menos monstruoso.
Em suas mentes, são apenas homens se satisfazendo.

4/10/21

Maria Boaventura

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