prólogo

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O moreno de cabelos compridos estava rindo em sua mesa, os pés para cima e as mãos atrás da cabeça em uma posição de conforto e relaxamento, como se não estivéssemos com uma dúzia de desaparecimentos precisando de solução sobre a nossa mesa naquele momento.

Peter Stan, esse idiota, vem sendo meu parceiro a cerca de três anos depois que ele foi transferido para o cargo de detetive no Departamento de Polícia de Los Angeles, não que ele se importasse de fugir do inferno em que se meteu no Caribe. Era bom ter um amigo depois de anos trabalhando sozinho naquela tarefa horrível que era procurar crianças desaparecidas, ou em condições de risco, mesmo que eu me negasse a dar esse gosto aquele filho da puta.

— oh filho de uma senhora respeitável, — o chamo depois de mais uma crise de risadas sobre minha triste e inexistente vida sexual. Por Deus, esse homem só pensa em sexo. — você precisa levar esses relatórios do último caso para o chefe, não vou mais limpar sua barra.

— limpar minha barra Henry? Você deu tanto tiro no homem que ele podia ser vendido como peça de decoração abstrata. — faço uma careta irritada para ele que ergue as mãos em rendição. Ele sabia como eu me arrependia depois de matar alguém, mesmo que fosse um nojento estuprador. — okay cara, eu vou. — se levanta arrumando o cabelo bagunçado e pega os relatórios que estendo para o mesmo.

Respiro fundo passando a mão por meu rosto cansado e ergo meus olhos para o relógio na parede esquerda da sala. 17: 45, mais quinze minutos e meu turno acabaria finalmente. Me entenda bem, eu amo meu trabalho, defender e proteger as pessoas sempre foi meu maior desejo e em dez anos é o que tenho feito. Mas com 36 anos nas costas você percebe quando falta algo na sua vida. E eu sentia que tinha um grande buraco escuro e desconhecido dentro de mim.

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Em outro ponto daquela grande cidade uma pequena garota com a pele em uma cor perto do mais puro café, e olhos verdes que mostravam inocência por baixo do mais profundo pânico, se encolhia contra uma parede.

—por favor, não, eu não fiz nada. — implorava enquanto o homem gigante tirava o cinco da calça um pouco cambaleante por causa de todo o álcool ingerido mais cedo e brandava palavras que nenhuma garota devia ouvir de seu próprio pai.

— então a pequena vadiazinha vai se fazer de inocente? Acha que não vi a forma que falava com o vizinho Rose? — ela odiava quando ele a chamava daquela forma, não era seu nome, mas o homem já parecia ter esquecido o nome da própria filha a muitos anos. — o que você contou a ele? Contou das surras? Pois eu vou dar marcas para você mostrar a próxima vez que ele te foder.

Ela sabia o que aquela palavra significava, e era outra coisa que ela odiava em sua vida. Fechou os olhos antes de sentir a primeira batida do couro em suas coxas e segurou o grito em sua garganta, ela sabia que chorar e gritar só pioraria tudo. Antes de adormecer encolhida no tapete do seu minúsculo quarto com várias novas cicatrizes ela abraçou o próprio corpo e sussurrou:

— Deus, se o senhor está me ouvindo, por favor, mande alguém por mim.

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Curto, mas é só o começo babys.

Saviour. FINALIZADAWhere stories live. Discover now