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Olivia F
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A parte de trás da minha perna, onde a mão de Henry segurava enquanto limpava meu machucado com um algodão embebido em álcool, estava quente e parecia que o calor vinha de seus dedos. Ele olhava as vezes para meu rosto, provavelmente esperando que eu reclamasse de dor, mas para mim aquilo não era nada, apenas um incomodo de leve. Sua mão abandona minha perna quando ele se levanta pegando as coisas sujas com o sangue e leva até uma lixeira ao lado do sofá em frente ao que estou sentada. Respiro fundo tentando ignorar como minha pele fica formigando como se o toque dele tivesse me dado um choque, dou crédito ao meu trauma por isso. Ele volta a se abaixar na minha frente para terminar o curativo e me olha sério agora.

— seus ferimentos de semana passada estão curados? — pergunta e me pergunto se ele fazia aquilo com todas as vítimas que conhecia. Proteger, oferecer um abrigo, cuidar. Olho os olhos dele, sorrindo para mim mesma ao ver a mancha bagunçar o azul deles, até o mínimo defeito dele fazia parecer perfeito. Mas nada era perfeito, e ele era um policial, e sabia o que Noah fazia comigo. Quem olharia para alguém quebrada como eu?

Uma criança.

— sim...— respondo quando ele ergue a sobrancelha e percebo que esqueci de o responder. — tia Mel cuidou para que eu me recuperasse perfeitamente. E meus ossos estão acostumados a se curar rapidamente.

Henry respira fundo depois das minhas palavras e se levanta indo até o sofá em minha frente e se senta colocando as mãos sobre os joelhos me encarando com a expressão firme.

— Melanie e George Hill sabem que você estava na rua a essa hora? — pergunta e mordo meu lábio olhando minhas mãos envergonhada enquanto nego com a cabeça. — Você fugiu Olívia?

— Não— respondo rápido o olhando com os olhos cheios de água ao lembrar de discussão. Droga. — Sim. Eu... — respiro fundo e vejo Kal correr da cozinha para perto se deitando no meus pés, e aquilo me deu força para falar. — Eu ouvi os dois discutindo sobre mim. George aceitou ser advogado Noah, ele não acredita que o amigo tenha me batido e tentado...

— Tudo bem Olivia, não precisa falar isso. Eu sei. — ele tenta me deixar tranquila e suspiro concordando.

Ele sabia, ele tinha visto com os próprios olhos.

— George acredita que eu estava com um namoradinho, e que esse namoradinho foi quem me machucou. Mas fugiu quando Noah chegou, e logo você chegou. — olho para o homem à minha frente. Eu nunca seria capaz de o agradecer suficiente por ter salvo minha vida. — eu não podia ficar na casa dele, conheço alguma coisa das leis. É conflito de interesses.

— Você está certa, mas fugir no meio da noite não. Você podia ter se machucado, ou ser atacada. — ele cruza os braços e mordo meu lábio baixando meu rosto. — fico feliz por você ter me ligado ao invés de ir atrás de um hotel. Aqui você está segura.

— é só essa noite. — murmuro para me lembrar e pego minha mochila suspirando.

— se você diz. — ele levanta e só então tira a arma da cintura indo até um armário guardando ali junto com o distintivo.

— Noah tem uma arma— sussurro lembrando. — ele costumava me ameaçar com ela quando me negava a fazer o que ele queria.

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Henry C
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O que aquela garota tinha que mexia tanto comigo? Essa vontade de invadir a delegacia em que seu pai estava detido e arrebentar a cara dele a socos. De onde surgia? A escuto falar sobre ameaças que o homem fazia para ela e fecho minha mão a ponto dos dedos ficarem brancos.

— ele não pode mais te machucar. — me viro para ela tentando relaxar e fecho o armário. Nunca pensei que minha arma seria um problema para mim, até esse momento. — mas preciso saber a história toda. Você não me escondeu nada, escondeu? — penso em tudo que ela relatou e uma única pergunta continuava sem resposta.

Aquela tinha sido a primeira vez que Noah Oliver tinha tentado estuprar a própria filha?

— eu contei tudo a você no depoimento Henry, cada detalhe. — ela parece me olhar confusa, mas logo entende. — você quer saber se ele...se ele...— ela respira fundo e vejo suas mãos tremerem. — ele tentou uma vez, mas foi interrompido por uma ligação de trabalho. Algo fez ele mudar de ideia e só continuou com as surras. — ela fala de maneira rápida e vejo meu cachorro deitar a cabeça nas pernas dela como se a tentasse confortar.

Bom cachorro, Kal era só um filhote quando o adotei de uma petshop ilegal que fechamos, em poucos meses fora fácil o adestrar e agora anos depois ele até me ajudava em alguns casos.

— desculpe se te incomodei com minhas perguntas Olivia, eu precisava saber. — mas aquilo não era por causa do caso.

Eu precisava saber que não tinha chegado tarde demais para salvar aquela garota.

— está tudo bem Henry. É seu trabalho. — sorri fraco para mim, e Kal lambe a mão dela querendo carinho a fazendo rir.

E é naquele momento que coloco o destino da minha vida em um único propósito.

Preciso fazer Olívia Fraser rir mais vezes.

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Vocês não tem noção de como os comentários me incentivam, muito, muito obrigada pelo apoio

Bjs da Tia Lina e se protejam

Saviour. FINALIZADAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora