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Sei que estamos ambos com medo
Nós dois cometemos os mesmos erros
Um coração aberto é também uma ferida aberta
E no vento há uma escolha pesada
O amor tem uma voz calma
Que lembra que agora também sou sua
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Olivia F
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Chegamos ao hospital em alguns longos minutos, desço com pressa do carro segurando a coleira do Kal enquanto James ainda desligava a caminhonete. Passo pelas portas ouvindo meu pai atrás de mim e entro no elevador arrumando meu cabelo.

Eu tinha deixado meu Superman sozinho sem pensar no que poderia ter acontecido, como fui idiota.

Os números no painel mudam devagar por causa da minha agitação e fecho meus olhos respirando fundo.

—Ele ainda está dormindo Olivia, não precisa ficar assim. —James coloca uma mão no meu ombro e abro os olhos o olhando.

—Eu o deixei sozinho, se ele me colocou como responsável pela vida dele...—engulo em seco a vontade de chorar que aquilo me causava. —Se ele colocou a decisão nas minhas mãos é porque confia em mim. E eu não vou quebrar essa confiança!

Dizer aquilo me trouxe um pouco de clareza a cabeça agitada, era isso, isso que o Henry esperava de mim.

Ele não tinha me salvado para eu virar um fantasma sem ele, não, ele me deu forças para continuar, e agora era a vez de mostrar como ele fez um bom trabalho.

—Então você pensou sobre os documentos? —meu pai continua me encarando como se não acreditasse que estou bem, o que era verdade, mas eu vou ficar bem. Tenho ele,Kal e meu filho para me segurar quando eu cair.

—Sim! —a porta do elevador se abre e saio um pouco mais calma. —Eu tenho três meses para decidir, mas eu sei que ele vai acordar antes disso.

{...}

Acordo sentindo alguém tocar meu braço e ergo a cabeça do lado do ombro do Henry encarando Marianne com uma expressão confusa em meu rosto.

—Pensei que fosse dormir na casa do seu pai querida? —a mulher mais velha pergunta e nego com a cabeça sentindo a mão imóvel de Henry na minha, o peito descendo e subindo no ritmo da máquina.

—Eu não posso deixar ele sozinho. —sussurro rouca pelo sono e olho para a janela vendo que já havia amanhecido. — Não vou deixar nunca mais!

—Estou aqui Olivia, pode ir descansar agora. —recebo um carinho em meus cabelos e nego com a cabeça novamente.

—Estou acordada já, só preciso comer algo. —sinto meu estômago reclamar pela idéia e resmungo.

—Talvez um pouco de chá de erva doce e bolachas aliviem o enjôo querida. —arregalo os olhos a olhando assustada.

—o que? —me esforço para não gaguejar sem entender como ela poderia saber.

Será que Christopher contou?

—Eu tenho cinco filhos Olivia, fiquei grávida mais vezes que você. Eu sei reconhecer os sinais, e você com certeza está, ou está com uma intoxicação alimentar bem feia. —mordo meu lábio envergonhada e olho para o homem dormindo ali. —Entendo porque está escondendo também...era ele que devia ser o primeiro a receber a notícia!

—Ele disse que eu fui a primeira pessoa com quem sonhou em ter uma família...—sussurro passando meus dedos pela barba rala no rosto adormecido e fungo. —Não quero que ninguém saiba antes dele, mesmo que eu precise esconder até estar na hora do parto.

—Está tudo bem, não vou contar. —o carinho em meus cabelos volta e suspiro a olhando com atenção.

—Porque você não parece desesperada? —pergunto de maneira tímida o que vinha me incomodando desde que a conheci. —Henry pode...

Eu não consigo dizer aquelas palavras.

—Henry é muito parecido com o pai sabe? —Marianne caminha até o outro lado da cama tocando os cabelos do filho e a olho confusa. —Forte, lutador, teimoso. —rio baixinho e mordo meu lábio o olhando preocupada. —Carinhoso e protetor com todos. Quando ele disse que iria entrar para a polícia eu quase infartei, estava acostumada com a ideia de que ele seria psicólogo, trabalhar em uma sala sem perigos.

Tento imaginar aquilo, Henry com um terno sentado em uma poltrona enquanto outra pessoa conta seus problemas e ele tenta resolver aquilo com palavras de ajuda. A imagem não encaixava direito, não encaixava porque a missão de Henry nesse mundo é salvar as pessoas, usar tudo que ele pode para isso.

—Se ele não fosse policial eu não estaria aqui hoje. —murmuro pensando no que poderia ter acontecido comigo se Henry nunca tivesse aparecido.

Morta? Estuprada? Algo pior?

—Eu entendo o que você está dizendo. —volto a prestar atenção em Marianne. —Eu passei longas noites perto do telefone esperando a ligação fatídica, um policial ligando e informando que meu bebê tinha sido morto em campo. —mordo meu lábio imaginando como seria aquilo e coloco a mão na minha barriga.

Ser mãe era isso? Se preocupar?

—Quando o pai de Henry sofreu o acidente, Henry largou tudo para me ajudar com o hospital e tudo mais. Ele foi meu colete salva vidas no meio do oceano, junto com os irmãos dele é claro. —a olho sorrindo emocionada com a maneira que olhava o filho e mordo meu lábio. —Eu entendo porque Henry colocou seu nome, porque escolheu você. Ele não queria que eu tivesse que assinar o papel que iria tirar mais um dos homens da minha vida.

—Mas eu posso? —sussurro e cubro minha boca sem querer a magoar.

Eu entendia aquilo, ele estava a protegendo da maneira que podia, como fazia com tudo a sua volta.

—Ele sabe que você não vai desistir, ele espera que você lute para ter a vida que sempre quis, que seu pai vá te ajudar a continuar, com ou sem ele. E eu acredito que ele está certo, você não vai desistir.

Sorrio olhando para o homem na cama novamente e pego a mão dele colocando na minha barriga como se esperasse que aquilo o acordasse.

Mas não acorda!

—Está tudo bem meu amor, tudo bem . —soluço segurando a mão dele contra minha barriga. —Eu estarei pronta quando você estiver, vamos estar.

Tenho que estar.

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Mais um?

Henry vai acordar ou ainda não?

Bjs da Tia Lina.

Saviour. FINALIZADAWhere stories live. Discover now