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Olivia F
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—Você vai ouvir os detalhes e desenhar, não precisa ouvir o resto. Okay? — Henry me olha como se estivesse com medo que eu ouvisse uma coisa errada dos depoimentos. As vezes parece que ele esquece por tudo que eu passei e que não vou traumatizar com coisas pesadas.

—Okay Henry, fique calmo. — beijo a bochecha dele pegando o caderno que Peter tinha arrumado pra mim e a caixa de lápis. — Você não devia estar lendo aqueles arquivos? — aponto a mesa com as pastas e ele revira os olhos.

—Ainda acho que quem deveria estar lá com você sou eu. — ele fala emburrado se jogando na cadeira.

—Henry, são as outras pessoas que precisam de apoio, não eu. — o olho séria agora. — elas precisam que você se concentre no seu trabalho para que ache os filhos delas. Agora para de reclamar que tá me deixando irritada de novo.

—Você de TPM é uma gracinha. — ele me encara com um sorriso de lado e mostro o dedo do meio pra ele.

— Vou ignorar isso. — Murmuro esperando o Peter vir me buscar e mordo meu dedo.

No fundo eu estava nervosa sim, era algo muito importante e eles estavam confiando em um talento meu que poucos tinham visto. E se eu desenhar algo errado? Um homem inocente pode ser preso, ou o culpado nunca ser achado.

E se meu erro afetasse o Peter e o Henry, isso que eles fazem é muito importante para eu estragar tudo. E se o capitão não aceitar o desenho de uma cívil? Henry me disse que o capitão não gostava dele.

Respiro fundo indo até o quadro vendo as fotos dos garotinhos, imagino os três machucados, chorando pelos pais. Eles precisavam de mim. E nada iria me atrapalhar em fazer o melhor desenho por eles.

—Você acha que eles estão bem? — me viro olhando o Henry que ergue os olhos para mim e vejo uma sombra em seu olhar. Aquilo era resposta o suficiente para mim. — Isso acontece com frequência?

—Na acadêmia temos acompanhamento psicólogo e lá nos ensinam que devemos sempre esperar o pior de um caso... principalmente se envolve crianças. — Henry fala e percebo um peso em sua voz.

Aquela era uma face que eu ainda não tinha visto do meu Superman, caída, sem esperança e sem o brilho confiante nos olhos.

—Com crianças é pior do que adolescentes? — chego perto tocando o rosto dele com carinho querendo passar conforto.

—No começo não fazia diferença...eu ficava arrasado com qualquer perda. — Henry coloca a mão sobre a minha aspirando meu perfume. — mas depois de dez anos acho que com mais velhos é mais...fácil de aceitar... Apesar de eu sentir como se fosse alguém importante pra mim...

—Eu entendo. — sussurro concordando. — Cada um desses arquivos... são pessoas que passam por sua vida.

—Exatamente. — ele concorda me olhando e me abaixo beijando a testa dele com carinho vendo ele sorrir fraco para mim. — Eu quase desisti algumas vezes, estive bem perto a um ano.

—O que? — o olho surpresa já que não sabia daquilo. Imagino onde eu estaria se Henry não tivesse me salvado, e as imagens me trazem um gosto ruim na boca.

—recebemos um chamado no final do turno. — Henry volta a falar e o olho curiosa. — alguns vizinhos pensaram ter ouvido choro de criança vindo de uma casa no final do bairro. Era uma denúncia de rotina, e mandamos uma viatura normal para o local. — ele brinca com meus dedos perdido em lembranças e mordo meu lábio. — O homem era um bêbado e negou que houvesse criança alguma na casa, a esposa dele concordou. Os policiais avisaram a central e saíram.

—E? — mordo meu dedo nervosa com aquilo.

—algo me dizia que tinha algo naquilo. Como um sexto sentido sabe, senti isso na noite que te salvei. — os olhos azuis me encaram com profundidade e prendo minha respiração. — Peguei minha caminhonete e fui para o endereço com Peter, era uma casa caindo aos pedaços, não tinha como uma pessoa sobreviver dentro daquilo, quem dirá uma familia. — Henry respira fundo e passo meus dedos nos cabelos dele sentindo que ele precisava de apoio. — Eu escutei o primeiro grito antes de descer do carro, um grito fino de dor. — sinto meu rosto molhado e tento disfarçar olhando para a janela. — Eu invadi e o que vi...Deus, eu nunca vou esquecer o que vi.

—Não precisa me contar o resto — peço sabendo que ele se condenaria por colocar aquela imagem na minha cabeça.

—Desculpe. — Henry me olha e limpa minha bochecha com carinho.

—Tudo bem. — vou pro colo dele o abraçando com força. — qual era a idade?

—eram duas garotinhas...uma de três e um bebê de no máximo um ano. — ele sussurra me apertando em seus braços e suspiro.

—As vezes os seres humanos são monstros, Henry. — sussurro erguendo meus olhos para ele. — Por isso existem pessoas como você, para colocar bondade em tudo que toca.

—Eu te amo Olivia. — ele me olha com carinho. — Agradeço todos os dias por não ter chego tarde demais aquele dia.

—Eu também te amo detetive. — beijo o rosto dele concordando. — não vou a lugar algum para longe de você. Eu prometo.

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Conhecemos um pouco o passado do Henry...eu amo um suspense

Bjs da tia Lina.

Saviour. FINALIZADAWhere stories live. Discover now