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"Eu queria levar você para o início
Eu nunca iria te deixar cair ou quebrar seu coração
E se você quiser chorar ou desmoronar, eu estarei aqui para te segurar apertado"

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Olívia F
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A última hora na delegacia passou como um borrão por mim, eu ouvia Peter e Henry discutindo sobre como um agressor podia ser solto tão facilmente, mas meu cérebro não acompanhava a conversa.

Não, meu cérebro estava preso naquele momento, semanas atrás, em que eu tinha Noah sobre meu corpo e sangue em minha boca.

Uma vez eu li em algum lugar que vítimas de traumas nunca esquecem totalmente o que aconteceu com elas, sempre haverão cicatrizes, seja físicas ou psicológicas. E eu tinha as duas.

Toco minha nuca onde cortou quando ele me puxou e eu caí na escada, a longa cicatriz do corte estava ali, assim como a sensação das mãos agarrando minhas coxas, a dor dos socos, o gosto do sangue. Faço uma careta e me levanto correndo até o banheiro da sala deles vomitando meu almoço de forma ruidosa. Me apoio na parede soluçando enquanto puxo a descarga, escuto a voz de Henry da porta e cubro meu rosto envergonhada escorregando até o chão.

Não entre...por favor não entre.

Imploro mentalmente sem querer que ele me veja chorando, ninguém podia me ver fraca. Eu não sou fraca!

— Olívia. — ele entra e logo sinto a mão gigante tocando meus cabelos. Espero a vontade de me encolher, mas não sinto. Como uma âncora me segurando eu sabia que era ele, e Henry não ia me machucar.

— me leva pra casa. — peço contra minhas mãos soluçando alto e em poucos segundos sinto meu corpo ser suspenso no ar e aconchegado contra o peito musculoso dele.

— Peter, avise o chefe que vou ficar fora por uns dois dias. — Henry fala em um tom sério e continuo com o rosto escondido agora com vergonha por estar chorando.

— Pode deixar, eu levo as coisas pro seu carro. — o outro homem diz e Henry volta a andar como se meu peso fosse nada em seus braços.

— está tudo bem pequena, estou aqui. — a voz de Henry sussurra perto do meu ouvido e me encolho sabendo que todas as pessoas deviam estar nos olhando. Sinto que estamos no lado de fora pelo calor da cidade, e se Noah estiver me observando? E se ele pegar Ellie? Imagino minha amiga passando pelo que passei e solto outro soluço.

— Ellie,— sussurro quando sinto meu corpo ser colocado no banco do carro e baixo as mãos olhando os olhos azuis e preocupados de Henry. — Alguém precisa proteger a Ellie, Henry, eu não posso deixar que ele a machu...

— pode deixar comigo. — Peter me interrompe e aperta minha mão empurrando um pouco o amigo para o lado. — Eu prometo que nada vai acontecer com ela ou Melanie okay? Só fique calma garotinha. — sorrio apertando a mão dele de volta agradecendo e abraço meus joelhos quando ele fecha a porta.

— Qualquer mudança você me liga, vou avisar o James também. — Henry entra no carro e se estica em minha direção prendendo o cinto envolta de mim.

Quando termina ele respira fundo e liga o carro logo saindo da vaga onde estava estacionado. Deito a testa nos meus joelhos voltando a chorar baixinho agora, eu sabia que ele não dirigia em uma velocidade normal, e por alguma razão eu também sabia que ele me olhava as vezes preocupado.

Não deixe ninguém o machucar, por favor.

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Henry C
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Ao chegar na estrada de chão que levava até minha casa piso fundo no acelerador, minhas mãos apertavam o volante e eu estava surpreso para como não tinha o quebrado ainda. Olho a garota ao meu lado mais uma vez e respiro fundo diminuindo a velocidade, eu não podia a colocar em risco.

Ao pensar nisso olho pelo retrovisor vendo apenas a poeira que minha caminhonete deixava na estrada, eu sabia que era cedo para Noah descobrir onde Olivia está. E se Melanie Hill fosse mesmo de confiança, ninguém sabia que ela estava comigo.

Os soluços de Olivia param um pouco antes de eu estacionar em frente a minha casa. Nossa casa?

Eu gostaria disso.

Afasto os pensamentos tirando meu cinto e faço o mesmo com o dela, vendo sua cabeça pender pro lado e sorrio preocupado ao ver que ela tinha dormido depois de tanto chorar. Suspiro e desço do carro dando a volta e a pego no colo com calma, a deixando deitar a cabeça em meu ombro. Era estranho a ter tão perto, depois de tantos dias ela estava a vontade comigo, mas não significava que me abraçava. Ela me deixar a tocar foi uma surpresa bem recebida agora, mas minhas ideias não vinham ao caso agora. Tudo que importava era deixar ela em segurança e bem.

Entro em casa e faço um sinal pro Kal fazer silêncio enquanto subo as escadas e logo entro no quarto dela.

Eu gostava do que ela fizera ali, com seus livros em uma estante, desenhos na escrivaninha e a cama perto da janela. Olivia diz que gosta de dormir olhando as estrelas pela vidraça, e eu não me importei de arrastar o móvel para aquele lugar.

A deito na cama com cuidado ouvindo a mesma resmungar e tiro os sapatos dela devagar, olho o macacão jeans que ela usava e penso que não devia ser confortável pra dormir, mas eu não sou um cretino então não vou tirar a roupa dela.

A cubro com a coberta e beijo a testa dela com carinho suspirando.

— descanse minha pequena. — sussurro e vou até o closet achando um de seus pijamas de bolinhas levando até a cadeira deixando ali antes de sair do quarto deixando Kal deitado na porta como sempre.

Minha pequena...

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Não consegui esperar pra postar esse.

Saviour. FINALIZADAWhere stories live. Discover now