Capítulo 54

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—Beca, você está bem? — A voz angelical de Agnes soa do outro lado da porta

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—Beca, você está bem? — A voz angelical de Agnes soa do outro lado da porta. Me ergo e espanto qualquer sintoma que entregue minha tristeza, coloco a mão sobre a maçaneta e abro a porta.

— Estou bem sim, pequena. — Solto um pequeno sorriso, me ajoelho no chão e abraço minha irmã. — Precisa de alguma coisa? — Beijo a grade bochecha dela.

— Me leva até a praça? Eu e lulu combinamos de brincar lá, mas mamãe não pode me levar.

— Levo sim. — Agnes me abraça em forma de agradecimento, logo em seguida me larga e corre pelo corredor anunciando aos berros que eu vou levá-la a praça.

Me ergo e sigo para o closet, troco de roupa e passo no banheiro para lavar a mão. Desço para almoçar e ao entrar na sala de jantar me deparo com os grandes olhos curiosos da minha sobre mim.

— Você vai mesmo levar Agnes na praça?

— Sim, algum problema?

— Mas você não vai se sentir mal por causa do Nathan? — A praça onde Agnes quer que eu a leve é a mesma onde conheci Nathan, minha mãe deve achar ser eu for ao lugar vou me sentir mal, coitada, ela que não sabe que eu já estou mal. De outra perspectiva eu não devo me sentir mal por ir lá, antes mesmo de conhecer Nathan, eu vivi muita coisa na pequena praça, se eu parar de frequenta-la é a mesma coisa que dizer que minha vida se resume ao Nathan, e isso não é verdade. Ele é importante, mas não aponto deu morrer de tristeza ou parar de viver por causa dele.

— Não. Eu frequentava a praça muito antes de conhecer Nathan, não importa se eu conheci no lugar, ele não é a única lembrança que carrego daquele lugar, aliás, aprendi a andar de patins lá, a primeira pintura que eu fiz na vida foi retratando o vovô e a vovó sentados debaixo de uma árvore naquela praça. Acho errado você julgar que eu seja tão fraca ao ponto de esquecer tantas coisas boas de um lugar como aquele e focar apenas na lembrança conhecer Nathan, outra coisa, eu não odeio o Nathan, apenas estou chateada com ele. — O que eu pensei que seria um prevê esclarecimento se tornou um sermão, não pude controlar, as palavras saíram como água jorrando de uma cachoeira.

Minha mãe aderiu à não me contestar, o que foi o melhor para manter a nossa relação.

A refeição acaba, Agnes sobe para o quarto, minha mãe sai, eu convido Cecília a se juntar a mim, no Jardim.
A senhora de cabelos grisalhos se senta na grama e eu deito minha cabeça em suas coxas, ela passa as mãos carinhosamente pelo meu cabelo.

— O que aconteceu? — Sua voz não transmite curiosidade, mas sim uma certa preocupação.

— Em está perguntando em relação ao meu pai ou devido ao Nathan?

— Me conte tudo! — Mesmo que minha mãe tente ser uma mãe melhor, Cecília sempre será a pessoa para quem vou correr quando precisar desabafar.

Tentei contar de modo resumido o que aconteceu durante minha estadia na fazenda, a senhora nem se surpreendeu, já que sempre que vou à fazenda volto com problemas com meu pai. Cecília aconselhou que eu desse um tempo até meu pai esquecer disso, ele nunca esquece de nossas brigas, mas sempre que precisa de mim, ele recorre a mim com a desculpa de deixar tudo de lado. Interesseiro!

— O que aconteceu com Nathan? — Ela pergunta dando continuidade a nossa conversa.

— Ciúmes. — Essa é a palavra que resumo toda a situação, insegurança e desconfiança também, mas quando eu contar tudo ela vai entender.

Relatei a princípio sobre o que aconteceu, depois falei o quão mal me senti. Também contei a ela sobre a decisão que tomei durante o tempo que passei na casa do meu avô, e também anunciei diversas vezes de como fui tola ao me envolver no namoro-falso. Cecília não me interrompeu nenhuma vez se quer, ela escutou em total silêncio, sei que há variados pensamentos na cabeça, contudo, ela não divulga nenhum se quer.

— Não vai dizer nada, aconselhar, me dar alguma dica, uma solução? — Indago a procura de ajuda.

Ela para de mexer em meu cabelo, ela posiciona seu dedo indicador na ponta do meu nariz e faz um pequeno barulho com a boca, imitando um estouro, o gesto me faz lembrar da infância, Cecília sempre faz tal coisa quando vai fazer algum comentário sincero e talvez até discordante dos meus pensamentos.

— É fato que você sente ciúmes, também é evidente que você não confia nele! Nathan é seu melhor amigo, vocês passaram três anos construindo essa amizade, você sempre depositou total confiança nele, por que agora não é mais assim? Você duvida que ele gosta de você, e você acredita que esse garoto ainda gosta da tal Charlotte, mesmo ele tendo garantindo que não sente nada por ela. Por que essa falta de confiança? — Não encaro Cecília, não quero que ela decifre meu olhar de dor. Infelizmente essa falta de confiança venho com o meu primeiro relacionamento, eu não quero ser assim, mas é inevitável. Preciso cuidar de mim, preciso manter meu coração intacto.

— Matias quebrou a confiança que eu tinha nós homens.

Eu nunca contei o que realmente motivou o meu término com Matias, mas todos pensam que ele me traiu, e os deixei acreditar, era isso ou confessar que ele tentou me estrupa.

— Mas o Nathan não é como Matias. — Retruca.

— Eu sei, porém, mesmo assim ainda me bate o sentimento de desconfiança. — Solto um suspiro. Odeio tocar ou pensar em Matias, tudo vêm a tona, toda raiva, ódio, tristeza e dor meio que me oprimem.

Cecília abre seus lábios, antes de conseguir dizer qualquer coisa os gritos da pequena Agnes a interrompe.

— Beca, vamos!— Agnes pergunta apressada.

— Já está na hora? — Me sento e encaro a pequena.

— Sim.

— Só vou tomar banho e trocar de roupa e já vamos! — Anuncio me levantando e correndo para dentro de casa. Ouço a pequena gritar: anda logo. Está crescendo, como eu, o atrevimento corre no sangue dessa pequena abusada.

Após sair do banheiro, me deparo com Agnes sentada na cama, batendo o dedinho no pulso indicando que estamos atrasadas, sigo para o closet e visto um vestido vermelho e calço uma sapatilha, penteio o cabelo e saio do closet. Vejo Agnes mexer no meu celular, acho que está na hora de colocar uma senha nesse aparelho.

— Nathan mandou mensagem! — Avisa.

— Vamos? — Desconsidero o aviso. Estico minha mão e a pequena a segura, desde modo seguimos o andar debaixo.

Pego as chaves e num grito aviso a Cecília que estamos indo. Seguimos a pé, não há necessidade de carro, já que a praça é perto de casa. Agnes ao ver a amiga, se solta sua mão da minha e corre até Luiza, que faz o mesmo. Ando com passos largos até me aproximar de Ulysses, me sento em cima de um foro de piquenique que Ulysses trouxe. Ele me encara e sorrir, faço o mesmo. Ambos, concentramos nossa atenção nas pequenas que correm para lá e para cá.

Entre o Amor e a AmizadeWhere stories live. Discover now