Capítulo 46

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Ela não olha para mim, apenas continua a deslumbrar o rio

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Ela não olha para mim, apenas continua a deslumbrar o rio. Ficamos um tempo observando o rio, suspiros e o barulho da água são esses sons que se podia ouvir. Repouso minha mão no chão, sem intensão minha mão se toca com a de Rebeca, penso em afastar, porém, a deixo no mesmo lugar, Rebeca e quem afasta a mão da minha. Uma pontada de decepção bate, mas ainda tenho esperança que Rebeca possa sentir alguma coisa em relação a mim.

— Você me acharia louca se eu gritasse? — Ela pergunta.

— Gritar? — Interroga para confirmar que ouvir corretamente.

— Sim! Estou cansada, eu tomei uma decisão muito importante, mas algo dentro de mim fala que é errado… eu quero gritar mais alto que essa voz… preciso me libertar dessa voz negativa. — Ela explica.

— Fique a vontade para enxotar essa voz! Não vou pensar que você é louca, apenas vou pensar em como é esperta por tentar silenciar essa voz.

Ela sorrir. Rebeca se levanta e entra na água, respira fundo e se prepara.

— ahhhhhh! — Ela grita até ficar sem fôlego. Ela fechar a boca, logo volta a se sentar na margem. — Estou bem melhor! — Informa.

— Sempre faz isso?

— Não. Somente quando os sentimentos que sinto me perturbam demais, dessa forma acho que gritar extravasar um pouco.

— Suponho que deveria ter aprendido isso antes, gastei muito dinheiro repondo pratos na minha casa.

— Você extravasa seus sentimentos quebrando pratos? — Pergunta, me olhando com a testa franzida.

— No começo quebrava tudo o que estava ao meu redor, depois eu comecei a quebrar somente pratos. Esse foi minha única solução para acabar com a dor, com a saudade e com o sentimento de solidão. — É difícil falar sobre meus sentimentos, dói muito lembrar do passado, da minha mãe.

Rebeca passa sua mão por minhas costas, talvez tenha percebido minha dor e queira me consolar. Ela encosta sua cabeça no meu braço e solta um suspiro.

— A dor e a saudade ainda te persegue? — Ela pergunta num tom baixo.

— A dor diminui-o, a saudade sempre vai existir. — Ela levanta a cabeça e me encara.

— Quer gritar? Quem sabe possa diminuir algo. Mas grite algo que domina. Um sentimento, lembrança, sei lá…

Não vou perder nada gritando. Então apenas concordo. Nós levantamos ela passou a mão por minha cintura e eu pelos ombros dela, ela me encara e indaga:

— Vou gritar indecisão. — Avisa.

— Vou gritar ódio. — Comunico.

Encaramos o rio.

— No 3. 1, 2, 3… Indecisão! — Ela foi quem grita primeiro, depois de segundos também berro.

— Ódiooooo! — Fechei os olhos e usei todo ar que estava em meu pulmão. Durante o segundo que gritei me veio a mente tudo, a raiva que tenho do meu pai, me veio o nascimento de Luiza e a última lágrima derramada por minha mãe. Pelo incrível que pareça me sinto melhor, eu sei que nada sumiu, mas algo aqui dentro diminui-o.

Entre o Amor e a AmizadeWhere stories live. Discover now