Capítulo 97

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Sinto meu coração parar de bater por poucos segundos

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Sinto meu coração parar de bater por poucos segundos.

─ Não acha me olhar deixar tocar?

─ Não. Mandei uma mensagem para o Ulysses de manhã e talvez ele só queira ouvir minha voz confirmar nosso te
término. ─ Digo mais para mim do que para Nathan, já que me apego a esta esperança de Ulysses só querer uma confirmação e não um pretexto para brigar. ─ Alô.

─ Rebeca, e-eu preciso da sua ajuda. Aconteceu um acidente e Luiza está no hospital, ela não para de gritar seu nome, por favor, me ajuda. ─ Sinto uma facada em meu peito.

─ Já estou indo.

Tomo um banho rápido e por sorte Nathan ganhou um carro o que facilitou minha chegada no hospital. Nathan disse que me esperaria, mas pedi que ele fosse embora, só não sei se vai me obedecer, já que enquanto me afastava do carro ele não deu nenhum sinal que sairia dali.

Encontro Ulysses sentado no banco ao lado da sala de raio x, a cabeça baixa e vejo as mãos tremerem.

─ Ulysses o chamo. ─ Seus olhos estão vermelhos, ele andou chorando.

O homem se levanta e me envolve nos braços.

─ Amor, que bom que chegou. ─ Amor? Ulysses não deve ter visualizado a mensagem. Ele não sabe que eu terminei com ele, eu o trai. ─ Um carro bateu na gente, Luiza não estava usando cinto e acabou sendo arremessada no banco da frente, eles acreditam que ela só quebrou o braço, mas pedi para eles fazerem todos os exames possíveis para ver se está tudo bem. ─ Explica.

Sua mão passa pelo meu rosto e seu dedo ergue meu queixo, selando nossos lábios.

─ Como precisava de você aqui. ─ Diz com a voz mais carinhosa de todas e com seu olhar de ternura, me sinto o pior ser humano do mundo.

A porta se abre e vejo Luiza sair. A garotinha está com o braço engessado, mas continua a sorrir e o sorriso se torna ainda maior quando me ver. Ela abraça minhas pernas e antes de abaixar no chão, sinto meu rosto inundado de lágrima... eu troquei tudo por uma transa. Eu não os mereço.

─ Por que está chorando? ─ A garotinha limpa minhas lágrimas.

Balanço a cabeça incapaz de responde-la, apenas a trago para meus braços e a aperto. Uma enfermeira leva Luiza para fazer o último exame e durante este tempo não consigo dizer nada, meu coração está destruído, confuso pelos próximos atos a tomar, não sei o que fazer e clamo para que o universo me dê uma dica do que fazer.

Ouço um gemido vindo do Ulysses e somente nesse momento noto que levou pontos na lateral da testa, ele também passa a mão pela barriga por uma região que eu julgo doer e talvez este fosse o sinal que acabo de pedir.

Não estou me machucando entrando na vida dele, estou machucando-o. Ulysses merece uma garota que não ame somente a irmã dele, mas que o ame também, Ulysses merece uma garota que note que ele está machucado e eu nem fui capaz de notar o baita machucado em sua testa, porque eu não o amo o bastante. E a cada dia que passamos juntos afasto ele de conhecer uma garota legal, que vai ama-lo e amar a Luiza também, além disso, Luiza precisa de um exemplo a seguir e este não é o meu caso, a não ser que ela queira ser uma manipuladora, com problemas familiares e indecisa.

Não sou boa para eles e pelos meus atos cometidos hoje, só comprova este argumento.

─ Não podemos continuar. ─ Ulysses me encara, mostrando não entender. ─ Estamos terminando com o que começamos. Não podemos continuar juntos pelo simples fato de que não mereço você.

─ Do que está falando? Claro que me merece.

─ Não, não te mereço. Ulysses, não amo você, gosto muito das nossas conversas, do sexo, dos dias que vivemos juntos, mas não sou capaz de retribuir o mesmo sentimento. ─ Ele pisca os olhos, tentando assimilar. ─ te mandei uma mensagem mais cedo terminando tudo, mas seria errado deixar você chegar em casa e lê-la, por isso falo na sua cara que você merece uma pessoa melhor do que eu, uma pessoa que esteja disposta a ama-lo do jeito que você merece.

─ Conversamos sobre isso, talvez me ame com o tempo.

─ Sabe qual foi o conselho que meu pai me deu? Que eu fique com uma pessoa que me ame mais do que eu a ame, e não pretendia seguir essa idiotice, mas quando conversei com você e  começamos a passar os dias  passamos juntos, acreditei que poderia te amar, mas não posso. Não posso ama-lo, não posso continuar com você, porque não quero te afundar num casamento como dos meus pais, onde minha mãe ama meu pai ao ponto de abandonar tudo por ele, ao ponto de sofrer de amor por ele, e se chegasse a este ponto , eu me transformaria na coisa que mais odeio na vida: ser como meu pai.

─ Tudo bem. ─ Responde tranquilo.

─ Podemos continuar a ser amigos? Posso ainda ver Luiza? ─ Ele abre um sorriso torno e balança a cabeça de modo positivo.

Em todos os exames feitos tudo estava de acordo, deixando Luiza ganhar alta mais cedo. Pela batida no carro de Ulysses ter sido feia, ele teve que voltar de taxi para casa, era para eu ter ido com ele, mas menti dizendo que teria que passar no escritório para pegar algumas coisas, porque Nathan está do outro lado da rua me esperando.

─ Como a menina está? ─ Diz preocupado.

─ Bem.

─ E você?

─ Mal. Hoje me toquei que sou como meu pai e isso significa que não sei quem sou porque depois do nosso termino, entrei numa bolha da qual fiz coisas horríveis, segui a vida dos outros, e não a minha... faz tempo que não desenho, que não tenho um tempo digno com minha irmã, porque estou afundada na porra de um banco do qual eu nem quero fazer parte. E o pior, transei com o cara que me traiu.

─ Eu já lhe pedi desculpa pela traição, sabe...

─ Fodas suas desculpas, Nathan. Cada palavra que sai da sua boca nunca vira atitudes e isso me irrita! Não  me importo se você é inseguro ou não, eu quero alguém que possa amar e que essa pessoa não somente me ame, como também mantenha as palavras que promete.

─ Rebeca, eu te amo e já provei isso mais de uma vez... tudo bem, vacilei, mas quero mais uma chance, é pedir muito?

─ É. Não confio em você, Nathan. Quer meu amor, quer tentar recuperar o que sobrou, então me prove que está 100% comigo. Me mostre que quando as coisas apertarem, você não vai jogar tudo para o ar e me deixar a deriva mais uma vez.

─ Estou lutando.

─ Como? Falando que me ama? Usando seus discursos de mulherzinha apaixonada? Adivinha? Estou cansada deles.

Entre o Amor e a AmizadeWhere stories live. Discover now