Capítulo 36

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Estou à mesa junto a Agnes, a pequena come suas panquecas, enquanto conversa com sua amiga pelo celular. Pego uma uva e levo até a boca, não estou com fome, na verdade, não estou afim de fazer nada.

Fecho os olhos, inspiro e os abro novamente.

— Tudo bem, Beca? — Agnes pergunta, ela me encara com a boca suja de leite. Sorrio e finjo estar bem.

— Sim, eu estou. — Minto.

Acho que a palavra bem não combina comigo hoje, a palavra mal também não, talvez o sentimento de confusão se encaixe mais. Me sinto dividida, uma parte diz para eu me declarar, outra parte manda me calar. Resumindo, eu não sei o que fazer!

Meu pai entra na cozinha, ele caminha até a cafeteira e se serve com um pouco de café. Ele dá um gole, e em seguida nos olha.

— Bom dia! — Ele nos cumprimenta, alegremente.

Agnes se levanta e caminha até ele, ela o abraça e logo depois volta a se sentar.

— Tudo bem, filha? — Ele me encara achando meu semblante desanimado.

Confirmo com um aceno.

— Aproveitando que as duas estão aqui, vou avisando que vamos viajar na sexta à noite para fazenda dos meus pais. — Meu pai anuncia, dando mais um gole em seu café.

Acredito que estar no meio da natureza fará me sentir melhor. Ao menos lá, irei poder pintar, passar um tempo com o vovô Rodrigo. Não é que eu não goste da mãe do meu pai, mas penso que ela e eu temos pensamentos divergentes, o que nos faz termos pouquíssima intimidade, com o vovô Rodrigo é diferente, ele é engraçado, ele gosta de me ver pintando, ele não acha que o tempo que eu dedico pintando é mal gasto, ele é muito diferente da esposa.

— Essa notícia venho a calhar. — Me pronuncio. Levanto-me da cadeira e pego minha mochila que estava no chão, ando até meu pai e o abraço. — Tenha um bom dia, pai.

— Igualmente, querida. — Me afasto alguns passos dele, mas quase saindo da cozinha, ele me chama.

Me viro e o encaro, a espera de um pergunta.

— Você poderia me ajudar a escolher um perfume para sua avó? — Reprimo os lábios e franzo o cenho.

— Pai, eu e a vovó não temos intimidade, eu não faço ideia qual tipo de perfume ela gosta. Julgo que eu não sou habita a te ajudar nisso.

— Tudo bem, amanhã eu resolvo esse problema.

Volto a seguir para a garagem.

A única coisa que eu sei a respeito da minha a avó é que ela ama perfume, no entanto, eu não faço ideia de qual tipo. Sempre que vamos, ou não, a casa dos meus avós, meu pai sempre presenteia minha avó com um perfume, uma parte do closet dela é apenas para perfumes, acho que deu para entender que ela ama mesmo perfumes. Pelo que meu avô me contou, minha avó ama perfume, pois, ela lembra de quando morava na cidade, e saía com as amigas dela, todas as mulheres andavam perfumadas e arrumadas, ao contrário daqui, na fazenda deles não há pessoas muitos cheirosas, a maior parte dos funcionários trabalham no sol, fazem trabalhos bem pesados, então é raro ver algum deles com cheiros agradáveis.

Adentrando na escola, sigo para o pátio, enquanto ando em direção aos corredores dos armários, reparo no garoto de cabelos longos e na menina com um sorriso do tamanho de uma melancia nos lábios.

Fico feliz de ver que Lupita e Pedro estão evoluindo.

— O que está olhando? — Dou um pulo, devido ao susto da voz de Mikaela ecoar atrás de mim.

Entre o Amor e a AmizadeWhere stories live. Discover now